terça-feira, 31 de maio de 2011

Para Malu Mader

Era daquela casta de mulheres que o tempo, como um escultor vagaroso, não acaba logo, e vai polindo ao passar dos longos dias. Essas esculturas lentas são miraculosas; Sofia rastejava os vinte e oito anos; estava mais bela que aos vinte e sete; era de supor que só aos trinta desse o escultor os últimos retoques, se não quisesse prolongar ainda o trabalho, por dois ou três anos.

Os olhos, por exemplo, não são os mesmos da estrada de ferro, quando o nosso Rubião falava com o Palha, e eles iam sublinhando a conversação... Agora, parecem mais negros, e já não sublinham nada; compõem logo as coisas, por si mesmos, em letra vistosa e gorda, e não é uma linha nem duas, são capítulos inteiros. A boca parece mais fresca. Ombros, mãos, braços, são melhores, e ela ainda os faz ótimos por meio de atitudes e gestos escolhidos. Uma feição que a dona nunca pôde suportar, - coisa que o próprio Rubião achou a princípio que destoava do resto da cara,- o excesso de sobrancelhas,-isso mesmo, sem ter diminuído, como que lhe dá ao todo um aspecto mui particular.

Machado de Assis em Quincas Borba


Vi esta referência do texto de Machado a Malu no blog Digestivo Cultural , como é de fato uma descrição perfeita quis piblicar aqui. Eu ainda não havia revelado neste espaço, mas Malu Mader é a mulher que me perturba na vida. Amor sublime!

Mão na mão, mão na cara

Desculpe, mas eu não posso te dar uma mãozinha
Eu não tenho obrigação de te estender a mão
Eu queria mesmo te enfiar a mão
Cara, larga a minha mão
Oh meu irmão, se continuar com essa mão na mão...
Aqui não
Vem, segura na minha mão
Eu te dei a mão, mas você já quer o braço!
Palhaço, larga mão...
Toda hora todo mundo levanta a mão
Bate na palma da mão
Bate a mão na minha cara
Isso é muito caro para você meter a mão
Antes de comer lave
Para comer de mão
Não se comprometa, lave
Não se canse, cruze
Quem passar a mão, leva
Eu de mão no queixo, canso
Apertar a mão
De aliança na mão
Da mão que ninguém leu

ATO PELO ESTADO LAICO E EM DEFESA DE UMA ESCOLA SEM HOMOFOBIA

ATO PELO ESTADO LAICO E EM DEFESA DE UMA ESCOLA SEM HOMOFOBIA

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Culpa da terapeuta

Um amigo meu andou apaixonado por gente de fora, amor a distância, essas coisas... A geografia não ajudou muito na relação e o fim já foi o que todos esperavam menos ele.

O bichinho inventou de arrumar uma paixão lá de Sumpalo. Se encontraram poucas vezes, mas o suficiente para afirmarem um grande sentimento e morrerem de saudade nos enormes intervalos sem um contato físico. Relação patrocinada por Graham Bell. Contas telefônicas absurdas, lamúrias e tristezas. O de cá, coitado, ainda tinha um gasto extra com lenço de papel, embora ele precisasse mesmo de um lençol para aparar tanta lágrima. O de lá cansou de sofrer. Todo mundo cansa, não é? E inventou de acabar aquele tormento de horas a fio de carpideiras. Para que fez isso, meu filho?

O de cá resolveu bater a minha porta quando eu me preparava para dormir. Aos prantos, me abraçando, agarrado a duas caixas de cerveja.

- Meu amigo, estou precisando de você e não vá me negar esta noite aqui. Já trouxe a Skolzinha, amiga de todas as horas.

Foi jogando as caixas no sofá e abrindo a primeira latinha. Eu que não tinha planejado um fim de sexta-feira assim, até que gostei, embora estivesse preocupado com a situação do rapaz. Já tinha tentado ligar para ele para saber a boa da noite, mas não atendia.

- Eu joguei o celular pela janela do ônibus. Eu estava indo para casa quando o de lá me ligou dizendo que cansou de sofrer, que não consegue mais bancar nossa relação assim, que numseiquê. Eu não esperei ele desligar e taquei o celular pela janela, aos prantos, gritando no meio do corredor, um vexame com o cobrador que me vê todos os dias. Só faltei me jogar junto.
- Você está louco! Seu ncelular é de conta!
- Prefiro patrocinar a alegria de alguém do que a minha própria desgraaaaaça!

E começou um choro sem fim, interrompido apenas com os goles de cerveja que acompanhavam o soluço do pranto. Ficamos nisso até quase o final da segunda caixa. Eu já estava para lá de Bagdá e ele não menos. Vocês acreditam que não parou de chorar durante três horas? Bebendo e chorando. Chorando e bebendo.

De repente, ele olha na minha cara, começa a me esbofetear. Eu sem entender olhava assustado. Ele começou a gritar e a bater a cabeça no chão, cabeça na parede, cabeça no chão.... infinitas vezes e a me bater.

- Isso é para eu descontar... Cansou de sofrer?! Não pode bancar nossa relação, é? É mentira dele. Isso foi invenção da terapeuta. Tudo isso é culpa de terapeuta. Só pode ser. Preciso ligar para ele para explicar que as coisas não são assim, que terapeuta é mau amado, é bicho esquisito, é complicado. Que nosso amor vale a pena, sim. Que eu estou aqui longe, mas é como se estivesse perto. Ahhh terapeuta desgraçada!!!!! Vou ligar para ele.

O de cá parou de me esbofetear com a mão perdida no ar como se fosse efeito de novela, arregalou os olhos e sussurrou em desespero:

- Mas eu não sei o número dele de cabeça, só tinha no celular.

domingo, 29 de maio de 2011

Mataram meu curió

Sempre que acontecia algum problema em casa ele saía sem rumo, arrastando os dedos fechados pelas paredes, assoviando uma música inventada na hora. Fugia de desespero. Fugia de tristeza. Naquele dia não conseguiu reagir ao ler bilhetinho azul na mesa, embaixo da fruteira de bananas passadas e sem maçãs. Imaginou a solidão a partir dali. Cama de casal sem função e o quarto do filho único cheio de pucumã, poeira embaixo do tapete, brinquedos quebrados largados sem preocupação.

Sentou-se no chão e nunca mais assoviou. Levou muito tempo naquela posição. Quando viu estava vomitando vodka no sapato, engasgado com o nada que saía de dentro. Começou então a beber, diariamente, para dormir e quando acordava bebia para passar o tempo. Emagreceu. Cresceu barba. Cabelos brancos. Nunca um telefonema de "tudo bem?". Nunca uma notícia de boletim do garoto. Como sequestro, desastre, morte....

Quando criança não entendia quando a mãe ria falando do pai bêbado no sofá: "Mataram meu curió". Quem repetiria isso agora?

sábado, 28 de maio de 2011

A grande ciranda

Ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais, verdade absoluta registrada por Belchior. E como é difícil esta constatação. Percebemos que aqueles contestadores, emancipados, independentes, heróis não passam de tentativas frustradas e quando chega mesmo o momento já estamos calçados com as pantufas da repetição, da cruel perpetuação dos padrões antigos, incrustados na sociedade que ñada mais é do que nós mesmos que andamos em círculos, nessa grande ciranda. Dançamos sempre a mesma música.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Domínio D'Alma

Há uns 2 ou 3 anos recebi um convite de Nubinha para fazermos um video que ela queria inscrever em algum canto por aí. Gostei da idéia, achei que seria uma experiência nova, gostosa... interferi demais na idéia dos meninos para que ficasse mais próximo possível de mim. Eles produziram este Domínio D'Alma e às vezes vou lá dar uma olhadinha para me trazer a leveza que eu preciso alguns dias.

Espero que curtam

Domínio D'Alma
Direção e edição: Filipi Pauli
Produção: Núbia Teixeira
Roteiro: Edu O. e Marcelino Alves


quarta-feira, 25 de maio de 2011

Manutenção do coitadinho

Houve uma situação curiosa nessa temporada d'O Corpo Perturbador no Palacete das Artes Rodin Bahia, ocorrida no último final de semana. Recebi com susto um comentário sobre a postura da equipe do projeto em relação a Meia Lua no final da apresentação de sábado.

Já havíamos combinado, desde quando nos apresentamos no ICBA, que não poderíamos ficar no cenário após os aplausos. Agradeceríamos e sairíamos direto para o camarim. No Palacete das Artes este lugar era distante do espaço cênico e eu, como todos sabem, utilizo cadeira de rodas para me locomover, Meia Lua não. Ele prefere andar apoiado nas mãos calçadas por sandálias havaianas. Confesso que foi exatamente isso que me fez colocá-lo em cena, porque percebi que aquilo perturbaria muito as pessoas, embora seja muito belo seu jeito de andar e ele é muito bem resolvido com isso, inclusive seria muito mais complicado se ele andasse de cadeira porque, para chegar ou sair de casa, precisa passar por uma escadaria de mais de 50 degraus. Como faria com a cadeira?

Algumas pessoas comentaram com ar de crítica sobre o porque eu sair de cadeira de rodas como Cleópatra, protagonista (um equívoco pq não há protagonistas neste espetáculo), dono do projeto e ele, pobre, preto ficou ali esquecido, largado (ohhh coitadinho!!!). Eu não poderia machucar meu corpo para satisfazer uma necessidade que era do outro, não é? Não fiz e nunca farei.

Só posso pensar numa coisa com os argumentos ouvidos: como neste espetáculo não deixamos brechas para que o público se compadeça com nosso suposto sofrimento e real indefesa (dentro do senso comum), muito pelo contrário, mostramos toda agressividade, força e vigor, foi naquele momento onde Meia Lua escolheu para descansar ou para receber os cumprimentos ou simplesmente ficar ali para nada, exatamente nesse ponto o povo pôde extravasar seu preconceito e sua necessidade de compaixão pela pessoa frágil que eles teimam em pensar que somos.

Era ali, somente ali, onde eles puderam revelar que não são capazes de nos ver como havíamos acabado de nos mostrar. É uma imagem tão fincada no inconsciente que não são capazes de abandonar esse paradigma do coitadinho, nem quando dizemos que somos feras, sexuados, delicados, deliciosos... que somos inteiros.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Os gays e a Bíblia - FREI BETTO

É no mínimo surpreendente constatar as pressões sobre o Senado para evitar a lei que criminaliza a homofobia. Sofrem de amnésia os que insistem em segregar, discriminar, satanizar e condenar os casais homoafetivos. No tempo de Jesus, os segregados eram os pagãos, os doentes, os que exerciam determinadas atividades profissionais, como açougueiros e fiscais de renda. Com todos esses Jesus teve uma atitude inclusiva. Mais tarde, vitimizaram indígenas, negros, hereges e judeus. Hoje, homossexuais, muçulmanos e migrantes pobres (incluídas as “pessoas diferenciadas”...).

Relações entre pessoas do mesmo sexo ainda são ilegais em mais de 80 nações. Em alguns países islâmicos elas são punidas com castigos físicos ou pena de morte (Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Nigéria etc). No 60º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 2008, 27 países-membros da União Europeia assinaram resolução à ONU pela “despenalização universal da homossexualidade”.

A Igreja Católica deu um pequeno passo adiante ao incluir no seu catecismo a exigência de se evitar qualquer discriminação a homossexuais. No entanto, silenciam as autoridades eclesiásticas quando se trata de se pronunciar contra a homofobia. E, no entanto, se escutou sua discordância à decisão do STF ao aprovar o direito de união civil dos homoafetivos.

Ninguém escolhe ser homo ou heterossexual. A pessoa nasce assim. E, à luz do Evangelho, a Igreja não tem o direito de encarar ninguém como homo ou hetero, e sim como filho de Deus, chamado à comunhão com Ele e com o próximo, destinatário da graça divina.

São alarmantes os índices de agressões e assassinatos de homossexuais no Brasil. A urgência de uma lei contra a violência simbólica, que instaura procedimento social e fomenta a cultura da satanização.

A Igreja Católica já não condena homossexuais, mas impede que eles manifestem o seu amor por pessoas do mesmo sexo. Ora, todo amor não decorre de Deus? Não diz a Carta de João (I,7) que “quem ama conhece a Deus” (observe que João não diz que quem conhece a Deus ama...).

Por que fingir ignorar que o amor exige união e querer que essa união permaneça à margem da lei? No matrimônio são os noivos os verdadeiros ministros. E não o padre, como muitos imaginam. Pode a teologia negar a essencial sacramentalidade da união de duas pessoas que se amam, ainda que do mesmo sexo?

Ora, direis, ouvir a Bíblia! Sim, no contexto patriarcal em que foi escrita seria estranho aprovar o homossexualismo. Mas muitas passagens o subtendem, como o amor entre Davi por Jônatas (I Samuel 18), o centurião romano interessado na cura de seu servo (Lucas 7) e os “eunucos de nascença” (Mateus 19). E a tomar a Bíblia literalmente, teríamos que passar ao fio da espada todos que professam crenças diferentes da nossa e odiar pai e mãe para verdadeiramente seguir a Jesus.

Há que passar da hermenêutica singularizadora para a hermenêutica pluralizadora. Ontem, a Igreja Católica acusava os judeus de assassinos de Jesus; condenava ao limbo crianças mortas sem batismo; considerava legítima a escravidão;e censurava o empréstimo a juros. Por que excluir casais homoafetivos de direitos civis e religiosos?

Pecado é aceitar os mecanismos de exclusão e selecionar seres humanos por fatores biológicos, raciais, étnicos ou sexuais. Todos são filhos amados por Deus. Todos têm como vocação essencial amar e ser amados. A lei é feita para a pessoa, insiste Jesus, e não a pessoa para a lei.

FREI BETTO é escritor.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Poema sem nome que eu gostaria de ter feito

É que tudo parece ter a ver
Vezes que deixei de tudo por sua causa
Vezes que inventei uma calma
Cuecas que envelheceram
Sabão na sua vontade?
Querer demais é qualidade
Amar demais é desespero
O casamento é um desterro
Velha mágoa que se cala
O peito vinga-se na pirraça
Ao saber do seu vício
O olhar já te cobra sempre
Mas beija sua boca e prefere se mentes
Aguentaria te perder

*este poema escrito por Liria Moraes é uma das coisas que eu gostaria de ter feito. Escutei pela primeira vez no espetáculo "Aceito", coreografia de Clênio Magalhães onde Liria também dançava e onde eu também escrevi um texto, não este. Me pego falando este texto no banho, em viagens, lavando prato. Gosto tanto que ele faz parte de meu cotidiano, como música de Cazuza ou Chico Buarque, como as maçãs de Cezanne, como a escrita nos meus blogs.

Olhares sobre a obra

Uma obra de arte só se completa como tal quando encontra com o olhar do outro, toma novos significados, novos horizontes, novas paragens e vai.... Vai além do que a imaginação do criador pode supor. São esses olhares diversos que tornam a obra eterna para quem vê e quem faz.

E registro minha eterna gratidão a quem me ajuda a fazer deste projeto um sucesso: a toda equipe de produção, técnica e artística do espetáculo, nessa temporada em especial ao Palacete das Artes Rodin Bahia nas pessoas de Janaína e Murilo, a AF Design, ao Solar Café e ao público que bombou nas três apresentações que fizemos nesses dois dias de maravilha, num dos melhores espaços da cidade.

Aqui um mural com fotos maravilhosas de Ana Luiza Reis e Genesco Alves, na temporada do espetáculo no Palacete das Artes Rodin Bahia.





domingo, 22 de maio de 2011

O seu duplo

Amigo, meu orgulho por você é de outras vidas com certeza. Ontem tive o prazer de ver um dos trabalhos mais lindo que já assisti até hoje. Amo o que faz mas, o corpo perturbador foi o mais explosivo, quanta seriedade pra me falar tudo o que me falou, quanta beleza na dureza da vida e seus recortes. Ai Edu, ontem a arte tocou nas minhas entranhas, no meu ser primitivo. E o seu duplo! O que era aquilo? Que homem lindo, forte e delicado. Meu amor obrigada!

Mirella Matos





Fotos de Nei Lima. Apresentação do dia 22/05, no Palacete das Artes Rodin Bahia

Quando um corpo encontra seu espelho

Difícil se enxergar no outro? Não, no fundo quando rejeitamos ou aceitamos algo em alguém é justamente o que de nós existe nessa pessoa que nos aproxima e nos identifica pro positivo ou negativo nesse alguém.

Dois corpo muito similares. Duas canetas penduradas em quadris tortos de escoliose, costas tensas, braços fortes, mentes dieferentes se igualam se repetem numa trajetória de humanos que passam do rastejar ao eterno pelo poder da arte. Emaranhados em suas próprias redes fogem de quem? Seguem a si mesmos? Bichos, santos, amigos.... um apoia o outro nas pedrinhas portuguesas, nos territórios isolados de dentro e do mundo. Brigams com seus Minotauros de estimação. Ao final, só precisam de repouso para o dia que chegará amanhã. Todo ciclo volta e volta e volta e volta..... se refaz infinitamente.

Espelho, espelho meu, existe alguém............?


Foto Ana Luiza Reis

sábado, 21 de maio de 2011

Ensaio Aberto no Rodin

Hoje fizemos um ensaio aberto, as 15h, para uma turma da APAE. Pensamos que seriam poucas pessoas, alguns alunos e professores. Que nada! Eles compareceram com força, foi um número que era o que esperávamos para a apresentação oficial que aconteceria as 17:30h. Além da turma da instituição, tivemos também a presença do público que estava visitando o museu. Uma boa surpresa. E para compeltar a alegria, na sessão oficial o público compareceu em peso, arrasou com tudo, a chuva que apareceu no final da primeira apresentação, nem se atreveu a pingar na segunda e foi um momento inesquecível.

Realmente O Corpo Perturbador encontrou o seu lugar e seu povo.




fotos de Nei Lima

sexta-feira, 20 de maio de 2011

MANIFESTO DA II MARCHA NACIONAL CONTRA A HOMOFOBIA

Clique nesse link para ver a matéria onde o subeditor do Jornal de Brasilia escreve matéria se assumindo gay e também sobre a 2ª Marcha Nacional contra a Homofobia e pela Aprovação do PLC 122 que reuniu, em Brasília, mais de 5 mil pessoas.

Comunique-se :: Subeditor do Jornal de Brasília escreve matéria em que assume ser gay




MANIFESTO DA II MARCHA NACIONAL CONTRA A HOMOFOBIA
PELA APROVAÇÃO IMEDIATA DO PLC 122

“Nada é mais forte que uma ideia cujo tempo chegou”. Vitor Hugo

Igualdade de direitos. Fim da discriminação. Fim da violência. Cidadania plena. Reconhecimento. Respeito. Essas são as nossas reivindicações. Somos milhões de brasileiras e brasileiros, ainda excluídos da democracia e  sem seus direitos garantidos pelas leis do país.
Exigimos a aprovação imediata do PLC 122 que punirá na forma da Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião, origem, condição de pessoa idosa ou com deficiência, gênero, sexo, orientação sexual ou identidade de gênero no âmbito nacional. Exigimos também Leis Estaduais e Municipais de proteção pessoas LGBT contra a discriminação, coerção e violência sofrida por nossa população.
Somos lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT), de todos os cantos do país, de todas as profissões, de todos os credos, de todas as raças, de todos os sotaques, de todas as opiniões, de todas as etnias, de todos os gostos e culturas. Mas temos algo em comum. Não usufruímos nossos direitos pelo simples fato de termos orientações sexuais ou identidades de gênero diferentes da norma sexual dominante. Somos milhões de cidadãos/ãs de “segunda classe”  em nosso Brasil.
Faz 22 anos que o Brasil se democratizou e promulgou a “Constituição Cidadã”. Entretanto, em todo esse período, nossa jovem democracia não foi capaz de incorporar a população LGBT. Até hoje não existe sequer uma lei que assegure nossos direitos civis. Não existem leis que nos protejam da violência homofóbica.
A homofobia não é um problema que afeta apenas a população LGBT. Ela diz respeito também ao tipo de sociedade que queremos construir. O Brasil só será um país democrático de fato se incorporar todas as pessoas à cidadania plena, sem nenhum tipo de discriminação. O reconhecimento e o respeito à diversidade e à pluralidade constituem um fundamento da democracia. Enquanto nosso país continuar negando direitos e discriminando lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais não teremos construído uma democracia digna desse nome.
Por essa razão é que a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais - ABGLT, convoca e coordenará todos os/as ativistas de suas 237 ONGs afiliadas e pessoas e organizações aliadas à II MARCHA NACIONAL CONTRA A HOMOFOBIA PELA APROVAÇÃO IMEDIATA DO PLC 122, a ser realizada na cidade de Brasília, em 18 de maio de 2011, com concentração às 9h, na Esplanada dos Ministérios, em frente à Catedral Metropolitana.
O dia 17 de maio é comemorado como o dia internacional contra a homofobia (ódio, agressão, violência, discriminação e até morte de LGBT). A data marca uma vitória histórica do Movimento LGBT internacional. Foi quando a Organização Mundial de Saúde retirou a homossexualidade do Código Internacional de Doenças. O Decreto Presidencial de 04 de junho de 2010 incluiu o Dia Nacional de Combate à Homofobia no calendário oficial federal.
Vamos a Brasília, novamente, para denunciar a homofobia, o racismo, o machismo e a desigualdade social. Temos assistido nos últimos meses ao recrudescimento da violência homofóbica em todas as Unidades da Federação. Chama a atenção o fato de que muitos dos agressores não pertencem a grupos de extermínio e envolvidos em crimes de  ódio, mas são jovens de classe média, o que demonstra como a homofobia está amplamente difundida em toda a sociedade.
O Brasil é um país plural e diverso, que respeita todos os credos e religiões, contudo nosso Estado é laico – separamos a religião da esfera pública, isso está garantido constitucionalmente. O movimento LGBT defende a mais ampla liberdade religiosa. Respeitamos todos os credos e opiniões, mas, entendemos que crenças religiosas pertencem à esfera privada - individual ou comunitária. Religião é uma escolha, a cidadania não! A Cidadania é um direito fundamental!
Não aceitamos que argumentos de religiosos homofóbicos sejam usados como justificativas para o preconceito e negação de direitos aos LGBT. É preciso assegurar a laicidade do Estado e garantir o respeito à diversidade.
A II Marcha Nacional Contra a Homofobia é, portanto, um grito, um protesto, uma exigência para a aprovação imediata ao PLC 122, um manifesto de respeito aos direitos individuais e coletivos.
Queremos igualdade de direitos e políticas públicas de combate à homofobia. Reivindicamos que o Estado brasileiro, de conjunto (ou seja, os três poderes), e em todas as esferas da federação (União, Estado e Municípios) incorporem a diretriz de combater a homofobia e promover a cidadania plena para a população LGBT.
Reivindicamos que:
o Congresso Nacional aprove a criminalização da homofobia (PLC 122), a união estável / casamento civil; a alteração do prenome das pessoas transexuais, o reconhecimento do nome social das travestis;
o Estado laico seja assegurado, sem interferência de religiosos homofóbicos;
o Governo Federal acelere a implementação do Plano Nacional de Promoção dos Direitos Humanos e Cidadania de LGBT, garantindo recursos orçamentários e o necessário controle social na sua execução, promovendo a diminuição da homofobia;
todos os governos estaduais e municipais instituam : coordenadorias LGBT, Conselhos LGBT e Planos de Combate à Homofobia;
o Judiciário, em todos os níveis, faça valer a igualdade plena entre todas as pessoas, independente de sua orientação sexual e/ou identidade de gênero;
o Superior Tribunal de Justiça reconheça como entidades familiares as uniões entre pessoas do mesmo sexo;
o Supremo Tribunal Federal julgue favoravelmente às Ações que pleiteiam a união estável / casamento civil entre pessoas do mesmo sexo e o direito das pessoas transexuais alterarem seu prenome;

as instituições nacionais ou locais de saúde pública estabeleçam ou fortaleçam regulamentações que retirem dos sistemas de saúde público ou privado as pessoas que pratiquem ou promovam práticas de cura da homossexualidade;

os  governos municipais, estaduais e  federal acelerem a implementação  dos Planos Nacionais de Enfrentamento da AIDS para gays e outros HSH, Travestis, Lésbicas e Transexuais, garantindo recursos orçamentários e o necessário controle social na sua execução, promovendo a diminuição da  infecção  do  HIV   em nossa   comunidade;
sejam tomadas medidas concretas pelas autoridades competentes para diminuir os casos de assassinato e violência contra as pessoas LGBT.
Março de 2011
ABGLT – Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais

Assinam também este manifesto:
  
Associação de Homossexuais do Acre - Rio Branco - AC
Sohmos Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros de Arapiraca - AL
Grupo de Gays, Lésbicas da Cidade de Delmiro Gouveia – GLAD - Delmiro Gouveia - AL
Afinidades – GLSTAL – Maceió - AL
Associação de Homossexuais de Complexo Benedito Bentes – AHCBB – Maceió - AL
Associação de Jovens GLBTs de Alagoas – ARTJOVEM – Maceió - AL
Filhos do Axé – Maceió - AL
Grupo Gay de Alagoas – Maceió - AL
Pró-Vida – LGBT – Maceió - AL
Grupo Enfrentar – Viçosa - AL
Grupo Ghata -  Grupo das Homossexuais Thildes do Amapá – Macapá - AP
MGLTM - Movimento de Gays, Lésbicas e Transgêneros de Manacapuru  - AM
Associação Amazonense de GLT – Manaus - AM
Associação das Travestis do Amazonas – ATRAAM – Manaus - AM
Associação Homossexual do Estado do Amazonas – Manaus - AM
Associação Orquídeas GLBT – Manaus - AM
Organização Homossexual Geral de Alagoinhas – OHGA – Alagoinhas - BA
Grupo Gay de Camaçari – Camaçari - BA
Fund e Assoc de Ação Social e DH GLBT de Canavieiras e Região – Canavieiras - BA
Grupo Gay de Dias D'Ávila - BA
Grupo Liberdade, Igualdade e Cidadania Homossexual – GLICH - Feira de Santana - BA
Transfêmea - Feira de Santana - BA
Eros – Grupo de Apoio e Luta pela Livre Orientação Sexual do Sul da Bahia – Ilhéus - BA
Grupo Humanus – Itabuna - BA
Grupo Gay de Lauro de Freitas - Lauro de Freitas - BA
Associação da Parada do Orgulho LGBT de Mata de São João – GRITTE - Mata de São João - BA
Movimento de Articulação Homossexual de Paulo Afonso - Paulo Afonso - BA
Grupo Fênix - Movimento em Defesa da Cidadania LGBT de Pojuca - BA
Associação Beco das Cores - Educação, Cultura e Cidadania LGBT (ABC-LGBT) – Salvador - BA
Associação das Travestis de Salvador – ATRÁS – Salvador - BA
Associação de Defesa e Proteção dos Direitos de Homossexuais - PRO HOMO – Salvador - BA
Grupo Gay da Bahia – Salvador - BA
Grupo Homossexual da Periferia – Salvador - BA
Grupo Licoria Ilione – Salvador - BA
Quimbanda Dudu – Salvador - BA
Grupo de Resistência Flor de Mandacaru – Caucaia - CE
Associação de Travestis do Ceará – ATRAC – Fortaleza - CE
Grupo de Resistência Asa Branca – GRAB – Fortaleza - CE
Movimento Arco-Iris da Sociedade Horizontina – MAISH – Horizonte - CE
Grupo de Amor e Prevenção pela Vida - GAP - Pela Vida – Maracanaú - CE
Ações Cidadãs em Orientação Sexual – Brasília - DF
Estruturação – Grupo d Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Trans de Brasília - DF
ELOS - Grupo de Lésbicas, Gays, Travestis e Trans. do Dist. Federal e Entorno – Sobradinho - DF
GOLD - Grupo Ogulho Liberdade e Dignidade – Colatina - ES
Associação Gabrielense de Apoio à Homossexualidade – AGAH - São Gabriel da Palha - ES
Associação das Travestis do Espírito Santo – ASTRAES - São Mateus - ES
AGTLA - Associação de Gays, Transgêneros e Lésbicas de Anápolis – Anápolis - GO
Sociedade Oasis – Anápolis - GO
AGLST-RAQ - Associação de Gays, Lésbicas e Transgêneros da Região Águas Quentes - Caldas Novas - GO
Associação Desportiva de Gays, Lésbicas, Travestis e Transgêneros de Goiás – Goiânia - GO
Associação Goiana de Gays, Lésbicas e Transgêneros – AGLT – Goiânia - GO
Associação Ipê Rosa –Goiânia - GO
ASTRAL-GO – Goiânia - GO
Fórum de Transexuais do Goiás – Goiânia - GO
Grupo Eles por Eles – Goiânia - GO
Grupo Lésbico de Goiás – Goiânia - GO
Grupo Oxumaré- Direitos Humanos Negritude e Homossexualidade – Goiânia - GO
Associação Jataiense de Direitos Humanos - Nova Mente – Jataí - GO
Grupo Flor de Bacaba – Bacabal - MA
Associação Gay de Imperatriz e Região – Imperatriz - MA
GAPDST - Grupo de Apoio e Prevenção – Imperatriz - MA
Grupo Passo Livre - Paço do Lumiar - MA
Grupo Solidário Lilás - São José de Ribamar - MA
Grupo Expressão - São Luis - MA
Grupo Gayvota - São Luis - MA
Grupo Lema - São Luis - MA
Organização dos Direito e Cidadania de Homossexuais do Estado do Maranhão - São Luis - MA
Associação de Gays, Lésbicas e Travestis de Cáceres – Cáceres - MT
GRADELOS - Grupo Afro-descendente de Livre Orientação Sexual – Cuiabá - MT
Grupo Livre-Mente – Cuiabá - MT
LIBLES - Associação de Direitos Humanos e Sexualidade Liberdade Lésbica – Cuiabá - MT
Associação GLS- Vida Ativa – Rondonópolis - MT
Associação das Travestis do Mato Grosso – ASTRAMT - Várzea Grande - MT
Associação das Travestis e Transexuais do Mato Grosso do Sul - Campo Grande - MS
Grupo Iguais - Campo Grande - MS
Movimento de Emancipação Sexual, Cidadania, Liberdade e Ativismo do MS - Campo Grande  - MS
Movimento Gay e Alfenas e Região Sul de Minas – Alfenas - MG
Movimento Gay de Barbacena – MGB – Barbacena - MG
ALEM - Associação Lésbica de Minas - Belo Horizonte - MG
Associação de Transexuais e Travestis de Belo Horizonte – ASSTRAV - Belo Horizonte - MG
Centro de Luta pela Livre Orientação Sexual – CELLOS - Belo Horizonte - MG
Instituto Horizontes da Paz - Belo Horizonte - MG
Centro de Luta pela Livre Orientação Sexual de Contagem- CELLOS – Contagem - MG
MGD - Movimento Gay de Divinópolis – Divinópolis - MG
MGS - Movimento Gay e Simpatizantes do Vale do Aço – Ipatinga - MG
GALDIUM - Grupo de Apoio Luta e Defesa dos Interesses das Minorias – Itaúna - MG
MGM - Movimento Gay de Minas - Juiz de Fora - MG
MGG - Movimento Gay dos Gerais - Montes Claros - MG
Movimento Gay de Nanuque – MGN – Nanuque - MG
Movimento Gay da Região das Vertentes – MGRV - São João Del Rei - MG
Shama - Associação Homossexual de Ajuda Mútua – Uberlândia - MG
Libertos Comunicação - Belo Horizonte - MG
APOLO - Grupo Pela Livre Orientação Sexual – Belém - PA
Cidadania, Orgulho e Respeito – COR – Belém - PA
Grupo Homossexual do Pará – Belém - PA
Movimento Homossexual de Belém – Belém - PA
Associação dos Homossexuais de Campina Grande, Estado da Paraíba - AHCG/PB - Campina Grande - PB
Gayrreiros do Vale do Paraíba – GVP – Itabaiana - PB
Associação das Travestis da Paraíba – ASTRAPA - João Pessoa - PB
Movimento do Espírito Lilás – MEL - João Pessoa - PB
Grupo Expressões - direitos humanos, cultura e cidadania – Cascavel - PR
Associação Paranaense da Parada da Diversidade – APPAD – Curitiba - PR
Dom da Terra – Curitiba - PR
Grupo Dignidade – Curitiba - PR
Grupo Esperança – Curitiba - PR
Inpar 28 de Junho- Instituto Paranaense 28 de Junho – Curitiba - PR
Transgrupo Marcela Prado – Curitiba - PR
Grupo Renascer - Ponta Grossa - PR
Grupo União pela Vida – Umuarama - PR
TABIRAH - Associação de Homossexuais, Lésbicas, Travestis... – Tabira - PE
Grupo Homossexual do Cabo - Cabo Santo Agostinho - PE
Articulação e Movimento Homossexual de Recife – AMHOR – Jaboatão - PE
SHUDO - Associação de Articulação de Defesa e Promoção dos Direitos Humanos – Olinda - PE
Grupo Gay de Pernambuco – Recife - PE
Movimento Gay Leões do Norte – Recife - PE
Satyricon- Grupo de Apoio e Defesa da Orientação Sexual – Recife - PE
Atos de Cidadania - São Lourenço da Mata - PE
Grupo Unificado de Apoio à Diversidade Sexual de Parnaíba – O GUARÁ – Parnaíba - PI
Associação de Travestis do Piauí – ATRAPI – Teresina - PI
Grupo Triângulo Rosa - Belford Roxo - RJ
Grupo Cabo Free de Conscientização Homossexual - Cabo Frio - RJ
Grupo Iguais - Conscientização Contra o Preconceito - Cabo Frio - RJ
Grupo Esperança - Campos dos Goytacazes - RJ
Grupo Pluralidade e Diversidade - Duque de Caxias - RJ
ONG Movimento da Diversidade Sexual – Macaé - RJ
Associação de Gays e Amigos de Nova Iguaçu – AGANI – Mesquita - RJ
Grupo Atividade EN'atividade – GAEN – Natividade - RJ
GDN - Grupo Diversidade Niterói – Niterói - RJ
Grupo Sete Cores – Niterói - RJ
Amores- Organização Não Governamental de Apoio à Diversidade Sexual - Nova Friburgo - RJ
Grupo 28 de Junho- pela Cidadania Homossexual - Nova Iguaçu - RJ
ATOBÁ- Movimento de Afirmação Homossexual - Rio de Janeiro - RJ
CHARLATHS - Rio de Janeiro - RJ
Grupo Arco-Íris de Conscientização Homossexual - Rio de Janeiro - RJ
Instituto Arco-Íris de Direitos Humanos e Combate à Homofobia - Rio de Janeiro - RJ
Movimento D´ELLAS - Rio de Janeiro - RJ
Turma OK - Rio de Janeiro - RJ
Cidadania Gay - Sao Gonçalo - RJ
Associação das Travestis do Rio Grande do Norte – ASTRARN – Natal - RN
Grupo de Afirmação Homossexual Potiguar – GAHP – Natal - RN
Grupo Habeas Corpus Potiguar – Natal - RN
Grupo Igualdade de Guaíba – Guaíba - RS
Igualdade - Associação de Travestis e Transexuais do Rio Grande do Sul - Porto Alegre - RS
Outra Visão – Grupo GLTB - Porto Alegre - RS
Somos - Comunicação, Saúde e Sexualidade - Porto Alegre - RS
Grupo Igualdade de Tramandaí – Tramandaí - RS
GAYRO - Grupo Arco-Íris de Rondônia – Cacoal - RO
GGR - Grupo Gay de Rondônia - Porto Velho - RO
Tucuxi- Núcleo de Promoção da Livre Orientação Sexual - Porto Velho - RO
Grupo Beija-flor Organização em Defesa da Livre Orientação e Expressão Sexual – Vilhena - RO
Associação Roraimense Pela Diverrsidade Sexual - Boa Vista - RR
ADEH-Nostro Mundo – Florianópolis - SC
Associação Arco-Iris – Joinville - SC
GATA - Associação de Transgêneros da Amurel Tubarão - SC
Identidade - Grupo de Luta pela Diversidade Sexual – Campinas - SP
Grupo Gay de Guarujá – Guarujá - SP
Lésbicas Organizadas da Baixada Santista – LOBAS – Guarujá - SP
ONG Reintegrando Vidas – REVIDA – Jacareí - SP
CASVI - Centro de Apoio e  Solidariedade à Vida – Piracicaba - SP
Grupo Rosa Vermelha - Ribeirão Preto - SP
Ação Brotar pela Cidadania e Diversidade Sexual - ABCD'S - Santo André - SP
Lésbicas e Gays do Litoral – LEGAL – Santos - SP
ONG Visibilidade LGBT - São Carlos - SP
Associação de Populações Vulneráveis – APV - São José do Rio Preto - SP
Associação Rio-Pretense de Travestis, Transexuais e Simpatizantes - ARTT'S - São José do Rio Preto - SP
Grupo de Amparo ao Doente de Aids – GADA - São José do Rio Preto - SP
Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo - São Paulo - SP
Associação de Pessoas GLSBT – Ser Humano - São Paulo - SP
CFL - Coletivo de Feministas Lésbicas - São Paulo - SP
Instituto Edson Néris - São Paulo - SP
CORSA - Cidadania, Orgulho, Respeito, Solidariedade, Amor - São Paulo - SP
Associação Vida Esperança - São Vicente - SP
Associação de Defesa Homossexual de Sergipe – ADHONS – Aracajú - SE
ASTRA – Direitos Humanos e Cidadania GLTB – Aracajú - SE
Unidas de Travestis – Aracajú - SE
Associação Grupo Ipê Amarelo pela Livre Orientação Sexual – GIAMA – Palmas - TO
Categoria: Organizações Colaboradoras
GAAC- Grupo Anti-aids de Camaçari – Camaçari - BA
Centro Anti-aids de Feira de Santana - Feira de Santana - BA
Associação dos Moradores do Pontal – AMOP – Ilhéus - BA
Centro Baiano Anti-Aids – Salvador - BA
Centro de Cidadania Sexual do GAPA-BA – Salvador - BA
Grupo Palavra de Mulher Lésbica – Salvador - BA
Associação das Prostitutas do Ceará – Fortaleza - CE
Rede Solidariedade Positiva – CE
Campanha Nacional pelo Fim da Exploração, violência e turismo sexual contra crianças – Brasília - DF
Sociedade Oásis – Anápolis - GO
Grupo Amor e Vida – Ceres - GO
Associação de Negros do Estado de Goiás – Goiânia - GO
Centro de Valorização da Mulher – Goiânia - GO
Comunidade Asha – Goiânia - GO
GOS - Grupo de Orientação ao Soropositivo HIV+ - Goiânia - GO
Centro de Protagonismo Juvenil - Campo Grande - MS
Grupo Assistencial Experiência e Vida Ivandro Reis de Matos – GAE-Vida - Três Lagoas - MS
GAPA-PA - Grupo de Apoio à prevenção à Aids do Pará – Belém - PA
Associação de Luta  pela Vida – PR
Grupo Semente da Vida – Colombo - PR
CEPAC - Centro Paranaense da Cidadania – Curitiba - PR
Rede Solidariedade – Curitiba - PR
RNP+ Curitiba e Região Metropolitana – Curitiba - PR
Núcleo de Ação Solidária à Aids – NASA - Foz do Iguaçu - PR
Voz pela Vida – Maringá - PR
ABDS- Associação Afro-Brasileira de Desenvolvimento Social - São José dos Pinhais - PR
GRUVCAP- Grupo de Voluntário de Cajueiro da Praia - Cajueiro da Praia - PI
Assistência Filantrópica a Aids de Araruana – AFADA – Araruana - RJ
Associação Irmãos da Solidariedade – Campos - RJ
Associação Viver – Itaperuna - RJ
Grupo Pela Vidda Niterói – Niterói - RJ
Movimento Acorda Cabuçu - Nova Iguaçu - RJ
AMOLP - Rio de Janeiro - RJ
GCC- Grupo de Convivência Cristã - Rio de Janeiro - RJ
Grupo Água Viva de Prevenção à Aids - Rio de Janeiro - RJ
Grupo de Mulheres Felipa de Sousa - Rio de Janeiro - RJ
Grupo Pela Vidda/ RJ - Rio de Janeiro - RJ
Programa Integrado de Marginalidade – PIM - Rio de Janeiro - RJ
RNP+ Núcleo - Rio de Janeiro - RJ
STVBrasil - Sociedade Terra Viva – Natal - RN
Grupo Esperança – Alegrete - RS
FAPA- Frente de Apoio e Prevenção da Aids - Caxias do Sul - RS
APROSVI- Associação dos Profissionais do sexo do Vale do Itajaí - Balneário Camboriu - SC
Instituto Arco-Íris – Florianópolis - SC
GAIVP – Grupo de Apoio e Incentivo à Vida Positiva - Campo Limpo Paulista - SP
GASA- Grupo Ap. Sol. Paciente com AIDS – Catanduva - SP
Centro de Convivência Joanna d'Arc – Guarujá - SP
Grupo de Apoio Amor à Vida - São Bernardo do Campo - SP
APRENDA- Associação Paulista de Redutores de Danos - São José do Rio Preto - SP
GADA - Grupo de Amparo ao Doente de Aids - São José do Rio Preto - SP
Grupo de Amparo ao Doente de Aids – GADA - São José do Rio Preto - SP
GAPA SJC –  Grupo de Apoio à prevenção à Aids- São José dos Campos - SP
APTA - Associação para Prevenção e Tratamento da Aids - São Paulo - SP
Associação Civil Anima - São Paulo - SP
Associação de Incentivo à Educação e à Saúde de São Paulo – AIESSP - São Paulo- SP
Grupo Prisma - São Paulo - SP
Articulação Nacional das Travestis e Transexuais - ANTRA
Articulação Brasileira de Lésbicas - ABL
E-Jovem
ABRAGAY - Associação Brasileira de Gays
 GPH - Associação Brasileira de Pais e Mães de Homossexuais

É enlouquecedor passar a vida sem ter sido amado - entrevista Beatriz Barreto

É enlouquecedor passar a vida sem ter sido amado.

Essa é última frase de Aguarrás, meu primeiro monónologo escrito em 1998. Nesse trabalho eu pensava na loucura que a solidão e o abandono nos causa. Nos fantasmas que criamos a partir do desejo de um amor inexistente. Há duas semanas falando sobre meus trabalhos, Aguarrás foi tema recorrente nas entrevistas que dei, em palestras. Um trabalho muito marcante para mim, início de tudo. Foi com ele que pidei num palco pela primeira vez e até hoje ouço comentários de pessoas que assistiram.

A loucura me toca desde muito cedo. Em Sto Amaro tinha Manda Brasa, Pezinho, Alice... as cidades perderam seus loucos de rua. Embora vivessem em abandono e numa situação de pobreza e tristeza, eu achava que ali estava o coração do lugar. Não sei explicar. Me fascinava quando os via na rua. Ainda hoje fico hipinotizado, tem algo de identificação. Fico pensando nessa pessoa que nunca terá um amigo para dividir angústias, pensamentos, sentimentos. Nesse corpo que acaba não sendo seu, violentado, violado por idiotas que brincam, falam chacotas, agridem... Não há beleza em nada disso, mas me instiga saber o que se passa ali dentro.

Na entrevista que me concedeu, Bia fala sobre a loucura que lhe perturba, incomoda, angustia.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Oração - A banda mais bonita da cidade

Meu amor essa é a última oração
Pra salvar seu coração
Coração não é tão simples quanto pensa
Nele cabe o que não cabe na dispensa
Cabe o meu amor!
Cabe em três vidas inteiras
Cabe em uma penteadeira
Cabe nós dois
Cabe até o meu amor
Essa é a última oração pra salvar seu coração
Coração não é tão simples quanto pensa
Nele cabe o que não cabe na dispensa
Cabe o meu amor!
Cabe em três vidas inteiras
Cabe em uma penteadeira
Cabe essa oração

*música de leo fressato, grande sucesso da internet nesses últimos dias. Uma música contagiante que distribui amor, felicidade. Para dormir bem hoje. Beijo especial a Talita Avelino que me dedicouy esta canção no Facebbok

1, 2, 3, 4, 5.... 10 lembretes

Lembretes para todo mundo comparecer ao Palacete das Artes Rodin Bahia, neste sábado e domingo (21 e 22 de Maio), as 17:30h, grátis. O Corpo Perturbador bombando na rede!













quarta-feira, 18 de maio de 2011

O fôlego

Acordei como quem sonha. Aquela sonolência, o corpo sem responder direito aos estímulos, vontade de ficar por muito tempo no quentinho da cama. Levantei ao som irritante do despertador, já vestido para viagem. Delivery. Essas últimas semanas parecem brincadeira de fôlego na piscina, quanto mais vamos chegando perto da borda mais pensamos que não aguentaremos. O corpo pede descanso, a mente cansada de pensar e fazer conexões das mais variadas, às vezes insinua um thiuthu. Mas vamos em frente porque o coração indica as realizações.

A chegada de Londres me trouxe emoções diversas do que vivi e do que me esperava aqui. O Corpo Perturbador ficando pronto para o Rodin com antecedência surpreendente e o reencontro com Meia Lua, com a música de Cássio, Emilie e Sepultura. Dançar sob as bençãos da vida que grita esculpida por Krajcberg, sob o olhar de canto da escultura de Rodin, naquele templo que é o Palacete das Artes e tanto carinho de todo mundo de lá. Caji pegando a batata quente de aprender em um dia o roteiro musical, Nei gastando suas horas vagas em vestir o bicho, Lore na arrumação infinita do cenário e Cate na loucura das perdas da vida, faz ganharmos belezas. A falta de Diane se acentuou ontem. Mas houve o encontro com Anamaria que me trouxe novos olhares, nosvas perspectivas e prazer do encontro. O chocolate quente delicioso do Café completou a maravilha do dia.



Acho que nunca O Corpo Perturbador estará num lugar mais adequado para ser apresentado. O convite do Palecete das Artes veio trazer a leitura decisiva para o trabalho ao nos propor uma analogia entre as obras inacabadas do mestre Rodin e aos nossos movimentos e corpos inacabados por natureza, ou acabados de uma outra forma. A densidade dos músculos esculpidos em parceria com a densidade e força dos corpos dançantes. Sugiro a chegada mais cedo ao museu para ver as obras de Rodin e Krajcberg e depois ao nosso espetáculo. Com certeza, o olhar sobre o último virá carregado de informações que contribuirão para a leitura mais rica. Além de ser extraordinário compartilhar momentos com tamanha grandeza da arte.

Também é imperdível degustar qualquer coisa do Solar Café, naquele aconchegante espaço nos jardins do casarão.



Chegando em casa, a hora do recreio com o pequeno que me deu vida aos olhos e ao futuro sempre latente, naquele menino franzino e tão inteligente e carinhoso. Muitos beijos para uma pele arranhada e machucada de tanto dançar. Sarou meu peito apertado de tanta coisa.

Noite praticamente sem dormir no preparo de malas e material para a 2ª Ediçao do Fórum nacional 1 Minuto para a dança Piauí. Escrevendo agora no tempo livre da conexão em Fortaleza.

Retorno, na sexta-feira, para tomar fôlego e me perturbar no emaranhado dos meus CORPOS. Nem a chuva que teima em cair em Salvador estragará nossa brincadeira. Assim como no ICBA, se desabar água, estaremos prontos para entrar em cena. O público, como sempre, estará protegido. Podem ir.

Fotos de Nei Lima

Confira a programação do Palacete das Artes Rodin Bahia na Semana de Museus: http://www.palacetedasartes.ba.gov.br/programacao/9%C2%AA-semana-nacional-de-museus-de-16-a-22-de-maio-de-2011.html

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Corpo Perturbador na 9ª Semana Nacional de Museus

9ª Semana Nacional de Museus – de 16 a 22 de maio de 2011

Do dia 16 a 22 de maio o país comemora a 9ª Semana Nacional de Museus que este ano tem como tema principal ” Museu e Memória” instituído pelo Instituto Brasileiro de Museus – IBRAM –  . As equipes de todos os museus do Estado da Bahia ligados ao sistema SecultBa/Ipac/ Dimus participam do evento promovendo atividades sócio-educativas de Arte, Literatura e Música  aberta gratuítamente ao grande público.
Neste período o Palacete das Artes Rodin Bahia promove Oficinas, cursos, palestras e atividades eucativas e agenda visitas às duas grandes exposições que abriga em sua séde : ” Auguste Rodin, Homem e Gênio ” e a mostra de Frans Krajcberg ”  Grito ” Ano Munidal da Árvore”.
Confira abaixo a programação do Palacete das Artes e se programe :
Do dia 16 a 22 de maio o país comemora a 9ª Semana Nacional de Museus que este ano tem como tema principal ” Museu e Memória” instituído pelo Instituto Brasileiro de Museus – IBRAM –  .
As equipes de todos os museus do Estado da Bahia ligados ao sistema SecultBa/Ipac/ Dimus participam do evento promovendo atividades sócio-educativas de Arte, Literatura e Música  aberta gratuítamente ao grande público.
 
Neste período o Palacete das Artes Rodin Bahia promove Oficinas, cursos, palestras e atividades educativas e agenda visitas às duas grandes exposições que abriga em sua sede :
” Auguste Rodin, Homem e Gênio ” e a mostra de Frans Krajcberg ”   e “Grito:  Ano Munidal da Árvore”.
Confira abaixo a programação do Palacete das Artes e se programe :
 
Visita monitorada a Exposição “Auguste Rodin Homem e Gênio”
Visita de grupos, previamente agendados, que são acompanhados por mediadores por toda a exposição “Auguste Rodin, Homem e Gênio”. O mediador fará uma breve contextualização sobre o artista, as obras expostas, e sobre o Palacete Martins Catharino.
Memórias no Palacete das Artes
O Projeto “Memórias no Palacete” é uma iniciativa de estimulo perceptivo, dinamização, exercício reflexivo, e interação entre o Palacete – o que ele tem a oferecer – e o público. O objetivo é incentivar os participantes a valorizar as suas memórias individuais – sua história, suas experiências de vida – mostrando a importância dos museus enquanto instituições de salva-guarda da memória, e um espaço que pode dialogar com suas vidas.
Re-lendo Rodin
Esta atividade tem como objetivo incentivar a criatividade, utilizando as obras de Auguste Rodin expostas na exposição como inspiração. A relevância desse trabalho está no fato de dar uma dinamicidade à atividade de monitoria já existente. Além de tirar o público-alvo da “zona de conforto”, eles deixam de ser passivos “ouvintes” e virão agentes produtores, criativos no processo de aprendizagem. A atividade será conduzida pela equipe do Setor Educativo e feita com argila ou massa de modelar, o material será escolhido de acordo com a faixa etária do grupo, crianças apartir de 04 anos poderá fazer a atividade.
Oficina “Ritos, Sentidos e Memória”
Esta atividade será voltada ao público da 3ª idade. Tem como objetivo proporcionar-lhes o contato com a linguagem teatral e sua relação com a memória, experiência de vida, o prazer de lembrar, representar e conhecer novas. Essa oficina será conduzida pela atriz Carla Bastos, tendo apoio de membros do Setor Educativo. Disponibilidade de 20 vagas.
Oficina “A memória do corpo”
Através de jogos improvisações e exercícios teatrais, os participantes experimentarão o autoconhecimento, a superação de limites e as varias fases do processo de construção de personagens. Disponibilidade de 20 vagas.
 
O Corpo Perturbador
O projeto tem como principal temática o corpo com deficiência na perspectiva da sexualidade, e a partir dele promover discussões acerca das relações de poder implicadas nos processos sociais que envolvem as pessoas com deficiência. Nesta proposta buscam-se analogias entre a estética do inacabado nas obras de Rodin e os corpos atuantes em cena, através de contorções dos corpos e da pesquisa de movimentos densos e pesados.
 
Marilda Fontes – Projeto de Literatura Infantil
Marilda Fontes é um projeto que nasceu da vivência de educadores em instituições escolares, que através das suas experiências e dos conteúdos de projetos didáticos do universo infantil inspirou a elaboração do livro “Os Nomes de Marilda” e sua coletânea, com a personagem central MARILDA FONTES, que representa um símbolo desse universo infantil, imersos em conflitos, medos, reações, relações, questionamentos específicos dessa fase.
O livro é apresentado de maneira lúdica com oficinas, música e animações, tudo em um só evento, visando incentivar a leitura e estimular a aprendizagem da criança na escola.
 
 

domingo, 8 de maio de 2011

Minha vida Macabéia

- Me desculpe eu perguntar: ser feia dói?

- Nunca pensei nisso, acho que dói um pouquinho. Mas eu lhe pergunto se você que é feia sente dor.

- Eu não sou feia!!! - gritou Glória.

Depois tudo passou e Macabéa continuou a gostar de não pensar em nada. Vazia, vazia. Como eu disse, ela não tinha anjo da guarda. Mas se arranjava como podia. Quanto ao mais, ela era quase impessoal. Glória perguntou-lhe:

- Por que é que você me pede tanta aspirina? Não estou reclamando, embora isso custe dinheiro.
- É para eu não me doer.

- Como é que é? Hein? Você se dói?

- Eu me dôo o tempo todo.

- Aonde?

- Dentro, não sei explicar.


Clarice Lispector (A Hora da Estrela)
***Lembro das inúmeras vezes que li este livro e da emoção que me causou e que ainda me causa. A crueza das relações, a verdade, o vazio... o doer. Macabéia me faz lembrar de mim.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Os novos mesmos pares ou meu amigo é amigo da Rainha

Há sentimentos que somente os semelhantes são capazes de sentir, o outro mesmo que compreenda não poderá jamais experimentar no corpo tal coisa, posso dar como exemplo ser mãe, posso imaginar o que venha a ser, mas tenho certeza quem nem de longe eu saberei ao certo o que é isso, nunca, jamais.
Hoje encontrei mais um par. Em apenas dois minutos isso se revelou e me emocionou demais,  assim como no meu encontro com Estela Lapponi e Carolina Teixeira. Hoje a minha bolhinha de sabão encontrou com a bolhinha de Dan Daw e cresceu mais um pouco quando ele me mostrou seu vídeo Crush, um trailler de um solo de dança que me fascinou, criado em parceria com Liv Lorent. Dan é um desses artistas que você se sente privilegiado em conhecer e tem vontade de estar ao lado para absorver seus pensamentos, sua arte, tem uma inteligência fina, rápida, humor, brilho. Ele é contratado da Candoco Dance Company e eu fui convidado para este este trabalho, o projeto Unlimited, mas infelizmente não estamos fazendo nada juntos no espetáculo.
Dan Daw me deu de presente esta visão. Ao ver um flash do seu solo pude constatar mais uma vez que não estou só no mundo, que mais alguém sabe exatamente do que quero falar e sinto.  Ainda com o metrô em movimento, destravei a cadeira e lhe beijei o rosto e abracei agradecendo por aquele instante mágico, aquela revelação. Planejamos coisas juntos. Evoé que aconteça.
Dan não é apenas um homem lindo, com um corpo incrível e dança de beleza única, ele ainda é amigo da Rainha.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

União homoafetiva

"Casamento civil e união estável são distintos, mas os dois resultam na mesma coisa: a constituição de uma família". - ministro Ayres Britto
 
Estou muito emocionado com essa votação do STF aprovando a união estável homoafetiva. Vou poder garantir o pé de meia junto com o amado, cuidarmos um do outro com plano de saúde, termos direitos, constituir uma família.
 
Que dia fantástico para a militância e para quem não está nem aí para isso também, afinal cidadania é conquista de todo mundo. Com a conquista de mais um direito na sociedade, todos são beneficiados. Precisamos compreender direito a importância desse dia. Se faz necessária também a votação que criminaliza a homofobia. URGENTE!
 
Isso mesmo, comemorando uma grande vitória, mas não esquecendo de outras lutas urgentes e importantes.
 

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Noite sem sono

Já era madrugada e eu rolando na cama vazia sem ele chegar. Por onde será que anda a uma hora dessas? Havia aparecido mais cedo, me jogado na cama e se enrolado comigo na colcha grossa protegendo do frio, chegou e saiu assustado por causa de um pesadelo. Em que quarto está metido, curtindo com quem? Ouvi vozes nos vizinhos, lá também não deveria estar.
Cantei música baixinho, me embalei como criança... nada. Não adiantou oração para anjo protetor que a uma altura dessas descansava no colchão no chão tamanha fadiga do trabalho diário. Fiquei com vergonha de incomodá-lo. Não adiantou palavras-cruzadas, não adiantou exercício de respiração. E se ele só aparecesse de manhã, como eu iria ficar? Cara amassada de bêbado sem cachaça, cabelo despenteado sem fio para arrumar, corpo triturado sem trepada... Fechei os olhos para fazer jogos mentais, inventei historinha... de repente o despertador tocou. Abri os olhos feliz, ele havia chegado.

domingo, 1 de maio de 2011

Aprendendo a ser def

Tenho 34 anos de idade e há 33 sou def. Tive Poliomielite com 1 ano e por isso não tenho outra referência que não seja a vida com a deficiência. Desde muito pequeno fui aprendendo naturalmente e sendo ensinado por minha mãe, minha irmã, amigos e a cidade (espaço público mesmo) a lidar com as coisas, a fazer adaptações para que soubesse lidar com meu corpo de forma sadia e alegre.

Morávamos em casa com escada, então aprendi pequenininho a subir e descer de bunda, a jogar a toalha para encaixar no gancho alto na parede, a apoiar os braços parasentar nas cadeiras, a pular para descer delas.... aprendi a subir em árvore, andar de carro de mão me equilibrando para não cair quando minha irmã não agüentava o peso, ela também pequena, andei de bicicleta com minha mãe empurrando, depois na garupa dos amigos, assim também nas motos, subi em carroceria de caçamba, empinei pipa, joguei gude e era reserva no baleado. Fui craque em brincar de elástico com cadeira e fui um pai maravilhoso para meus filhos Playmobil. Enfim, fui uma criança que fazia tudo que as outras faziam, mas tudo num tempo diferente, no tempo possível para meu corpo, havia outras coisas que eu não conseguia ou não podia fazer e lógico que isso é uma negociação com as frustrações, saber lidar com as impossibilidades e fazer as limonadas com os limões que vão aparecendo diariamente, mas também compreendia que os outros tinham as suas próprias frustrações que passavam longe das minhas e que não me afetavam assim como as minhas não lhes diziam respeito. A grande filosofia do “cada um no seu quadrado’.

Até hoje aprendo a ser def porque as necessidades vão mudando com a idade, os desejos e o próprio envelhecimento do corpo. E acho maravilhoso estar mais maduro para enxergar tudo isso e perceber as burradas, os acertos, a vontade de mudar certos padrões ou a burrice de insistir na manutenção de outros que nos aprisionam, paralisam. Somado a toda aprendizagem tem as experiências pessoais, familiares, escolares, o ciclo de convivência que afeta drasticamente na sua compreensão de vida e do entendimento do outro. Porque eu só aprendi a lidar comigo mesmo sabendo que sou também o outro para você e fazemos parte de um mesmo balaio. Eu no meu tempo e nas minhas limitações, você no seu tempo e nas suas limitações e podemos voar juntos se quisermos, mas quem quiser rastejar.... aí é do desejo e capacidade individual de cada um, sem juizo de valor, sem melhor nem pior. Apenas diferentes e por isso mesmo iguais.