Mais uma vez a saudade é tema por aqui. Fiquei pensando nisso todos esses dias em Londres e como deve ser chato para quem ouve saber da mesma coisa tantas vezes, ouvir esta palavra repetidamente.
Estar em viagem é algo muito solitário, penso eu. Mesmo que estejamos em excursão, coisa que detesto, em meio a uma multidão, sempre é o nosso olhar que vê determinada coisa, um pequeno detalhe que torna aquele momento especial, aquele monumento ou paisagem inesquecíveis, um cheiro, um sabor, aquele beijo... é porque partimos carregados de passado, de tudo que nos aconteceu e que nos formou. O que encontramos adiante, depois da partida, é capturado a partir de todos esses prismas, todas essas informações e nisso é impossível ter uma percepção coletiva, é tão somente nosso como este sabor de café que sinto agora em minha boca, enquanto escrevo, deitado numa cama que nunca foi minha e que passou a ser há três semanas. Isso de pertencimento também muda tanto. Algo que nunca foi e nunca mais será, começa a te pertencer temporariamente e isso também é a viagem. O cheiro do sabão em pó, a luz que entra pelo teto de vidro da cozinha, o quintal cheio de neve demorando a derreter, a cortina, o abajur, os três potinhos coloridos de palha e o rádio antigo que nunca cantou para mim. Nunca mais os terei, mas serão tão meus quanto a televisão no chão do quarto em Salvador, os três colchões empilhados no lastro, o guarda-roupa de cupim, as gavetas, as prateleiras e o corredor. Como também me perteceu a escada, a varanda, o telhadinho na frente da casa por onde Patricia fugia dos castigos e as janelas, os paralelepípedos e antes o chão de barro. Como aquele imenso corredor, quarto do meio, do santo, banheiro, bengala, torradas e janela que se abria para a rua que dá na praça. Talvez nunca mais os possua, certeza não possuir, mas são meus para sempre.
Eu falava de saudade.
Eu senti saudade antes mesmo de partir e vim compreender o porque há pouco tempo. Não era saudade do que ficou, não é somente porque deixei as pessoas lá, mas porque não as tenho aqui para copartilhar. Saudade, para mim, é esta falta de compartilhamento deste sabor de café que ainda está na boca, destes potes coloridos, do abajur, da neve, da cortina, da cama e sabão em pó. É porque ninguém sabe, nem saberá, quais as músicas que ouvi, o que senti, quais as minhas alegrias e tristezas e porque as senti. Saudade é quando a viagem se torna apenas silêncio, enquanto o mundo se agita aqui dentro e não tem quem venha ver nessa janela aberta.
domingo, 12 de fevereiro de 2012
A vida merece Virginia
Uma voz assim... Uma mulher? Uma divindade? Beleza no seu mais alto teor, de chegar a doer de tão fundo que toca. Uma deusa, essa Virgínia. Uma deusa!!!!
Ouvir esta cantora me deixa em estado de graça, alegria, leveza. Lembro d eum rveeillon que passamos na praia, num lugarejo pequeno, aldeia de pescadores. Uma turma grande ocupou três casas do lugar. Entre vilões, percussão, conversas fiadas, gargalhadas, amanhacemos o dia escutando e dançando ao som de Virginia. Para muitas pessoas alegria e animação está vinculada a músicas agitadas, com batidas frenéticas, sei lá. Para nós alegria é estado de graça, vem de dentro e uma música como a senhora Virginia Rodrigues faz tem tudo a ver com felicidade. É para estar presente sempre. A vida merece!
domingo, 5 de fevereiro de 2012
sábado, 4 de fevereiro de 2012
Quando não senti os meus pés
Um def no frio é muito sofrimento. vou te contar, viu. sem os movimentos nas pernas, eu sendo cadeirante, sofro com o frio cortante que faz em Londres, porque sem movimentar não aquece, embora eu vista 3 meias-calças, 2 calças térmicas, 2 calças de sair, fora que calço os pés com 3 camadas de meias grossas, de lã. O problema está porque o sapato em contato com o ar gelado também fica muito frio e o que deveria aquecer, fica tão gelado quanto o ar.
Esta semana passei um sufoco voltando do ensaio. A temperatura caiu demais e minhas extremidades pareciam congelar. Assim que cheguei em casa me enfiei na banheira e enchi com água quente, a mais quente possível, eu sentia meu corpo queimar, mas os pés não aqueciam, era uma sensação estranha de gelo por dentro e fora aquilo ardendo de tanto queimar.
Sempre tem alguém querendo ajudar, sugerindo coisas, mas não adianta me entupir de roupa pq não aquece. Uma solução maravilhosa foi colocar sob a meia aqueles sachê com um gel que esquenta, utilizado para as mãos de quem acampanha, esquia... saio com aquilo esquentando a sola dos pés e minha cara muda, me sinto vivo.
Esta semana passei um sufoco voltando do ensaio. A temperatura caiu demais e minhas extremidades pareciam congelar. Assim que cheguei em casa me enfiei na banheira e enchi com água quente, a mais quente possível, eu sentia meu corpo queimar, mas os pés não aqueciam, era uma sensação estranha de gelo por dentro e fora aquilo ardendo de tanto queimar.
Sempre tem alguém querendo ajudar, sugerindo coisas, mas não adianta me entupir de roupa pq não aquece. Uma solução maravilhosa foi colocar sob a meia aqueles sachê com um gel que esquenta, utilizado para as mãos de quem acampanha, esquia... saio com aquilo esquentando a sola dos pés e minha cara muda, me sinto vivo.
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