sábado, 23 de março de 2013

A vida em cena

As modalidades de resistência vital proliferam de maneiras mais inusitadas. Uma delas consiste em pôr, literalmente, a vida em cena. NÃO A VIDA NUA E BRUTA, NÃO A VIDA REDUZIDA PELO PODER AO ESTADO DE SOBREVIDA EM MEIO AO LIINISMO TERMINAL QUE PRESENCIAMOS A CADA DIA. NÃO A VIDA BESTA, A VIDA BOVINA, OS “CYBER-ZUMBI”, OS “HOMO-OTÁRIOS” COM QUE CRUZAMOS A CADA ESQUINA E QUE NÓS MESMOS SOMOS DIARIAMENTE; mas a vida em estado de variação, modos menores de viver que habitam nossos modos maiores e que no palco ou fora dele, ganham às vezes visibilidades cênicas ou performáticas, mesmo quando se está à beira da morte ou do colapso, da gagueira ou do grunhido, do delírio coletivo, da experiência limite.

No âmbito restrito, ao qual me refiro aqui, o teatro pode ser um dispositivo, entre outros, para a experimentação hesitante e sempre incerta, inconclusa e sem promessa de reversão do poder sobre a vida em potência da vida, do biopoder em biopotência, redesenhando inteiramente a geografia de nossa perversão, expropriação, clausura, silenciamento.

Peter Pal Pelbart  - Filósofo, ator, Cia Teatral UEINZZ!  - SP 

Trecho do texto publicado no livro Loucos pela diversidade: da diversidade da loucura à identidade da cultura. Relatório final da oficina nacional de indicação de politicas públicas culturais para pessoas em sofrimento mental e em situação de risco social. RJ/2007.


Texto na integra (p. 29 - 37)
http://www.cultura.gov.br/site/wp-content/uploads/2009/06/loucos_diversidade_final.pdf

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