segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Oscar Pistorius - momento histórico, uma epifania

Ontem quando liguei a tv, passando pelos canais de esporte, senti uma mão alisando meus cabelos, me fazendo um carinho, compreendendo o que os meus olhos diziam e minha expressão queria revelar. Para mim foi um momento de epifania.

O sul-africano Oscar Pistorius é o primeiro atleta amputado a competir em um mundial entre atletas sem deficiências físicas. Ele e sua equipe estão no Campeonato Mundial de Atletismo, disputado em Daegu, na Coreia do Sul.

Neste momento em que nos batemos, aqui no Brasil, com políticas públicas voltadas para segmentos, criando os guetos, os nichos, separando as pessoas e suas especificidades em grupos fechados, para mim a participação deste atleta num evento deste porte é algo que precisamos celebrar, comemorar aos gritos. Exatamente por invadir territórios fechados e excludentes, são ações como esta que temos que festejar. Pois com ações afirmativas, positivas, mostrando que estamos no mesmo nível de competição, que somos capazes de ocupar espaços que anteriormente não nos era permitido pelo preconceito, e até mesmo pela falta de preparo, que estaremos efetivando a luta pela acessibilidade, estará se fazendo a verdadeira inlcusão.

Confesso que chorei, que choro agora porque me sinto representado ali naquele corpo, naquele homem, naquela luta. Ele está nesta competição porque entrou com processo judicial, provando que deveria estar ali. Um dia, tenho certeza, estará simplemente pelo mérito.

Enquanto isso, outros se contentam e concordam com um Edital específico para deficientes, achando que é assim que haverá reparações.

Desculpem, minha escrita hoje deve estar confusa, vaga.... é que meu peito transborda emocionado com este momento histórico.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Quando a vida impõe os seus desejos

Houve um pequeno instante, nesta última Segunda-feira, dia 22/08, em que eu saí de mim. Não sei explicar direito, mas parecia gente apaixonada que treme e esquece o mundo ao ver o objeto da paixão. É quase isso. Foi assim quando vi Wagner Schwartz que estava no Espaço Xisto Bahia com seu Pequeno Ballet Tropical [Coletivo Construções Compartilhadas], num projeto deste coletivo de amigos queridos.

Wagner, junto com Fafá, foi um dos responsáveis pelo projeto O Corpo Perturbador. Quando eu ainda não sabia direito como abordar o tema, nem tinha a clareza do que era e o recorte que eu queria dar, ele me presenteou com trocas de emails e textos de Suely Rolnik e sua presença em minha vida e tudo que ele representa.

Há tanto tempo não nos encontravámos! E a alegria foi tanta e meu coração pulava dentro de mim que demorou um pouco até eu me acalmar e escutar o que ele dizia. Eu só olhava e aquilo era tudo. E tudo voltava com saudade de Clênio e que bom que eu estava com Cate e estamos sempre. Pois é assim, quem está, está sempre, mesmom que distante.

Infelizmente não consegui mais vê-lo. Na terça-feira teve o "abençoado" encontro com o MINC e perdi tudo o que Wagner poderia me oferecer falando se sua obra, falando de si mesmo. Suas referências, processos, humanidade e vida.

Fui correndo nos arquivos do computador pegar nossos papos, todos copiados e colados na pasta do projeto e encontrei esses 2 emails, talvez os últimos dessa safra Corpo.

foto de Catarina Gramacho


10/07/2008

Wagner, meu bem, vim aqui antes do prazo de um mês (faltando pouquinho) para dizer que irei me atrasar na tarefa de ler todos s textos de Suely Rolnik. Quanto a Bach estou aguardando Alexandre com o cd, não estamos nos encontrando. Uma coisa que achei incrível foi ter pego o primeiro texto para ler e escolhi O Anjo e a trapezista, sobre Asas do desejo, um dos filmes que mais gosto e além disso me remeteu tanto a Judite. Ainda escolhi um segundo que não me recordo o nome e este falava sobre a Síndrome do Pânico, outro tema que abordei em Judite. Achei tão simbólico escolher textos que me remetem ao meu último trabalho justamente quando dou início a um novo. Como se fosse um ciclo. Como se a lagarta agora estivesse criando asas. Asas do Desejo!!! 

Esse mês foi sufoco para mim, pq recebi visita de um amigo paulista por 15 dias e daí vc sabe que tem q sair, mostrar cidade, farra... juntou com São joão, São Pedro, viagens e ainda minha irmã parindo a qualquer momento. Estamos mudando coisas da casa para abrigar meu sobrinho que ainda nem chegou e já está fazendo rebuliço em nossas vidas. Estou super contente!!!!

Pretendo me acalmar e voltar à concentração para o trabalho. Não quis forçar nada, porque o movimento que a vida está me indicando é tão belo e raro que não quero perder esse embalo, pois daqui a pouco embalarei o amor em meus braços e daí já é um outro momento.

Olhe, se você puder passe rapidinho no meu blog e veja minha história com Monga.Éé bem divertidinha e eu adoro lembrar disso. Tempo que parece agora de tão feliz!!!

Beijos

edu, meu amor.

se vc quiser cumprir, como um aluno, as coisas q eu te peço,
já já eu vou te esquecer.

mas, se vc retorna um e-mail como esse
em que a vida te toma tempo
eu estarei presente:

pq ainda não conseguimos escrever a vida.

é isso o q me deixa feliz.

sei q estamos juntos, já é o bastante.
as coisas vão caminhando.
nosso amor também.

beijos saudosos,

w.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

O que mesmo eu estou falando?

Sobre o que mesmo eu estou falando? Para quem?
Falo sobre mim, isso é óbvio, mas o que eu falo também está em tudo, em todos: No cigano, no índio, no negro, no japonês... no engenheiro, médico, ator, dançarino, professor, jornalista, produtor.... está no analfabeto e no letrado... está na cultura, na arquitetura, turismo, economia, educação... Está na criança, adulto, jovem, velho...
O que eu falo é simples de entender, mas se você não sente apertar ou não conhece alguém que tenha o calo, é comum  achar que não é com você o que eu falo. Mas eu também falo de você.
Porque acessibilidade não é exclusividade de deficiente e hoje me permitirei sair das nomenclaturas exigidas, do politicamente correto “pessoa com deficência”, porque quando eu não vivia sob as regras e normas da tal “inclusão” eu era muito mais incluído. Eu nem sabia que isso existia porque eu simplesmente vivia e estava em todos os espaços sem me sentir invasor de um território que agora me fazem pensar que não era meu.
Talvez as nomenclaturas tenham afastado as pessoas do real sentido do que significam. Acessibilidade. Palavra difícil de compreender e de familiarizar, chegar perto. Simplesmente é permitir que todas as pessoas tenham acesso a bens e produtos igualmente.
Ontem participei do Fórum de Políticas Culturais, na Sala do Coro do TCA, com a presença de Sérgio Mamberti – Secretário de Políticas Culturais do MINC e Américo Córdula - Diretoria de Estudos e Monitoramento de Políticas Culturais que falaram sobre o Plano Nacional de Cultura. Nesta ocasião entreguei a Carta Repúdio ao Prêmio Arte e Cultura Inclusiva 2011 – Edição Albertina Brasil – “Nada Sobre Nós Sem Nós”.

Quando tive oportunidade repeti tudo que já falei aqui sobre o absurdo do Edital, os equívocos, o desrespeito a determinados pontos que já haviam sido discutidos na Oficina Nacional de Indicação de Políticas Públicas Culturais para Inclusão de Pessoas com Deficiência, realizada no Rio de Janeiro entre os dias 16 e 18 de outubro de 2008, documento que serve de base para o referido Edital. Américo disse que já tinha conhecimento da Carta, afirmou que o Edital havia começado quando ele estava à frente da Secretaria de Identidade e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura que agora está com Marta Pavese Porto, mas havia sido deslocado e não tomou mais conhecimento do que havia acontecido. Tanto ele quanto Sérgio Mamberti demonstraram concordar com nossa queixa, mas também percebemos que dali não sairia muita coisa. Américo, inclusive, disse que eles já tinham conhecimento da Carta Repúdio e que esta já havia chegado ao seu email.

Por um lado fico satisfeito que em tão pouco tempo nossa mobilização já tenha chegado aonde ela deveria chegar. O MINC já tem conhecimento que estamos atentos e que não aceitamos mais as migalhas que o discurso da inclusão teima em dizer que é caviar. Não podemos mais aceitar que um evento como o de ontem, por exemplo, não tenha preocupação com a Acessibilidade Plena, como está definido em LEI e que o MINC patrocina e promove eventos e projetos sem esta preocupação. Tentaram justificar o valor alto para se fazer acessibilidade, entendemos e sabemos disso, mas é esta a questão principal que jogamos ao Governo. O que eles estão fazendo para promover esta acessibilidade?

Não podemos admitir que os segmentos sociais não se mobilizem também a favor desta causa que é, sim, da conta de todos.  Os movimentos Negro, LGBTS, Indígena, Cigano, Cultura Popular e todos os demais, tem que assumir também esta responsabilidade, porque deficiência não é etnia, não é segmento. Deficiência é condição física e assim sendo, está ligada a todas as pessoas. Afinal para ser pessoa você tem que ter físico, corpo.
Nosso abaixo-assinado continua online e eu peço mais uma vez que todos assinem, tenham consciência de sua responsabilidade nesta causa e saiba que isso faz parte de sua vida. Infelizmente não tivemos até agora a adesão desejada. Mas ainda temos esperança e faremos barulho até que todos saibam e entendam o que dizemos.

Mais uma vez o link para assinatura da Carta Repúdio ao Prêmio Arte e Cultura Inclusiva 2011 – Edição Albertina Brasil – “Nada Sobre Nós Sem Nós”

http://www.peticaopublica.com.br/PeticaoVer.aspx?pi=P2011N13330

domingo, 21 de agosto de 2011

Um recorte visual no espaço

Fico em crise quando tenho que preencher formulário e perguntam o que eu sou: Dançarino? Artista Plástico? Nada? Criador? Criativo? Acho tão complicado restringir porque penso nos projetos de forma mais aberta. Principalmente nesses últimos tempos e trabalhos estou cada vez mais próximo à minha formação em Belas Artes. O que me influencia, o que eu penso primeiro, o que estimula minhas criações é a parte visual, as formas, cores, a tridimensionalidade, inclusive do meu corpo. Aí entra o movimento. O texto também me influencia muito: Becket, Lispector, Quintana, Drummond, Meirelles, Machado, Lucinda e Mabel. A música não tanto.

Penso o que eu faço como um recorte visual no espaço e também por isso tenho desejado cada vez mais sair dos espaços tradicionais, me jogar em praças, praias, pátios, corredores... porque são espaços ricos que compõem junto com a obra. A dança ali sendo mais um elemento, o artista, o dançarino, compondo aquele momento e as pessoas podem me esquecer, se perderem em outros detalhes de textura, cheiro, reboco, sabores..... o que busco é a atmosfera.

Hoje acordei querendo ver imagens de Mathew Barney porque, ontem, um amigo me mostrou coisas ótimas e disse que se lembrou dele ao ver imagens dO Corpo Perturbador. Percebi que preciso mergulhar e descobri o universo deste norte-americano e beber da fonte.





 

No meio das imagens que me chegaram, apareceu um video associado que me fascinou.
The Deer House (A Casa dos Cervos), criado por Jan Lauwers e Needcompany, funde realidade e ficção para contar o com os horrores da guerra.


 

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Intolerável

Folha de São Paulo OPINIÃO
São Paulo, sexta-feira, 19 de agosto de 2011



MARINA SILVA


Intolerável

Corrupção mata. Entender isso é fundamental para atacar um dos males que mais empatam o desenvolvimento socioeconômico e político do Brasil. Ainda há quem não veja a conexão entre corrupção e violência, mas elas estão intimamente ligadas.

Da mesma forma, devemos entender que a baixa eficiência e o mau funcionamento dos serviços do Estado estão tremendamente relacionados à cultura da corrupção, ao patrimonialismo, à falta de transparência e à baixa capacidade de mobilização social.

A morte da juíza Patrícia Acioli, no Rio, não é apenas um crime brutal. A execução de uma servidora pública correta e rigorosa com os crimes, principalmente os cometidos por agentes públicos, revela a força que as máfias têm no país. E o tamanho que elas adquiriram, graças à corrupção.

Quando a propina chancela e incentiva o desvio de conduta, torna-o cada vez maior. E chega a um ponto em que vê na lei um obstáculo que precisa ser removido, tirando do caminho quem a faz cumprir.

É na má política que se choca o ovo da serpente da violência policial e das relações espúrias entre poder de Estado e delinquência. Quem assistiu aos filmes de José Padilha "Tropa de Elite" e "Tropa de Elite 2" pode ver como a propina de todo dia fortalece a mão que aperta o gatilho contra os inocentes.

A morte de Patrícia Acioli é uma afronta ao Estado democrático de Direito. Ela não é apenas mais uma vítima. Era alguém que, no desempenho de suas funções, buscava combater a barbárie de grupos que querem controlar a vida de quem mora na periferia e, claro, o próprio Estado.

Matar uma juíza revela enorme convicção da própria impunidade. É uma declaração de guerra às leis, à democracia e à sociedade. Assim como é inaceitável que o Brasil conviva com a execução de uma juíza, também não é mais tolerável convivermos com o nível de corrupção que tem marcado o nosso país.

Vemos, na mídia, como a Índia, país com problemas maiores do que os nossos, desperta vigorosamente para o combate à corrupção. E o que falta para o Brasil? Quanto mais indignada for a resposta da sociedade aos escândalos e aos homicídios de cada dia, maior será o poder de reação contra essas mazelas no âmbito do próprio Estado.

A autoridade pública da menor à maior se sentirá fortalecida e incentivada a agir contra a corrupção, que é, em si, uma forma de violência contra a coletividade.

A faxina, então, deixa de ser rápida, como se faz quando chega uma visita inesperada, e passa a ser permanente, vigorosa, profunda. É desse nível de exigência que precisamos. Se nos acostumarmos a deixar barato, perderemos o controle do que é público, do que é de todos nós.

MARINA SILVA escreve às sextas-feiras nesta coluna.
 
Wagner Moura em Tropa de Elite

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Repúdio a Edital do MINC

Há mais de uma semana recebi com espanto e preocupação a nótícia de que o Ministério da Cultura estava lançando um Edital de Inclusão, o Prêmio Arte e Cultura Inclusiva 2011 – Edição Albertina Brasil – “Nada Sobre Nós Sem Nós”. A princípio parece uma boa iniciativa, mas o que vemos são equívocos que pretedem repetir a exclusão pela inclusão e premiar a deficiência ao invés da qualidade artística, da importãncia da pesquisa ou as iniciativas de respeito. Um dos muitos absurdos é solicitar laudo médico do deficiente. Num edital que pretende contemplar iniciativas de inclusão, teremos que enviar documentação e registro confirmando as ações. É inadmissível e desrespeitoso com os profissionais, terem que se deslocar para conseguirem laudo médico. Entre outras coisas.

Sabemos também o quanto de oportunistas existem em todas as áreas, mas no que se refere a Inclusão este número é enorme e corremos o risco dessas pessoas serem premiadas e receberem o aval do Governo. Os deficientes são as pessoas que menos ganham com esse tipo de iniciativa.

Lembro que acessibilidade não se restringe a quem trabalha com deficiência ou às pessoas que a possuem, mas diz respeito à toda sociedade e é de responsabilidade de todos, sim. Acessibilidade plena e não apenas rampas de mentira e discursos bonitinhos para aliviar a culpa de quem tem.

Por favor, peço que vocês assinem este abaixo-assinado feito por um grupo de respeito e envolvidos neste assunto. Temos pressa em recolher o maior número de assinaturas porque terça-feira haverá, em porto Alegre, um encontro com o pessoal do MINC e poderemos entregar em mãos este documento. Assim, teremos respaldo para reclamar e pedir providências.

Link para assinatura:  http://www.peticaopublica.com.br/PeticaoVer.aspx?pi=P2011N13330

Link para ler o Edital: http://www.escolabrasil.org.br/

Divulguem também, por favor.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Argila

Era tudo cheiro de talco. Criança e velho ali misturado. Eu parado, fechando os olhos para forçar sonhos. Nuvens de talco e eu ali parado. Criança e Velho. A porta já não rangia como antigamente. O corredor claro, oposto à escuridão de sempre. Portas novas, feias. As antigas eram pesadas de madeiras grossas, gastas. Azuis. Nenhum azul ali e o cheiro de talco. Nuvem branca como sonho. Saí pela porta dos fundos. Não há mais fundos, quintal, terra preta, galinha. Não há mais tanque com torneira pingando. Não há os limos, o verde, o chão. Talco virando argila nos olhos. Sonho.

E o video da Argila de Carlinhos Brown interpretada por Jussara Silveira e Luiz Brasil

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Coragem, Coração

Tem momentos em que precisamos de um grito de estímulo, incentivo à mudança, sair da inércia mesmo que involutária. Eu tenho muitos companheiros juntinho de mim, amigos/parceiros. Hoje, Ney Matogrosso me  acordou assim, me empurrando para a frente. E eu até acreditei que é possível!
Ney é um dos maiores artistas brasileiros. De qualidade inquestinável, vive à beira desse vício midiático, exercendo com maestria seu ofício. Completou 70 anos com repertório que se atualiza sempre, mas não se banaliza numa tentativa de eterna juventude. Tudo nele cabe porque ele é grande, é gigante e mostra isso sem pongar nos modismos. Revolucionário à época quando iniciou carreira, continua revolucionando essa caretice que assola o Brasil. Artista urgente e necessário sempre. EVOÉ, Ney Matogrosso!
Além de tudo é uma delícia!!! Quem nunca sentiu uma pontinha de tesão? Eu já morri e morro!
Clique (aqui) para ver e ouvir a linda performance de Ney

Imagem do DVD Inclassificáveis

Coragem, Coração
Composição: Cláudio Monjope/Carlos Rennó
Oh meu querido amigo
conte comigo e
com a minha força
pra que se finalize
a sua crise
como eu, nao há quem torça

Sem dúvida nenhuma
é cada uma
que as vezes a gente engole
mesmo com essa porra
cara, nao corra
eu sei que nao tá mole

Tá duro mas enfrente
e siga em frente
que do seu lado eu sigo
e antes que um vento assopre
diga a si próprio, meu amigo
coragem,coração

Se joga
como corações se jogam
entao se liga só no slogan
coragem, coração
se joga
que eu te dou a minha mão

Enquanto alguem no chão
se droga,
coragem, meu irmão
se joga

Respire fundo
como um iogue
saia pro mundo
caia no blog
na batida da vida
se jogue

Na falta de esperança
auto confiança e de
auto controle
vou ser o solidário ser que o ampare
o ser que vai comparecer
e antes que um vento assopre
diga a si próprio, meu amigo
coragem,coração

Se joga
como corações se jogam
então se liga só no slogan
coragem, coração
se joga
que eu te dou a minha mão

Enquanto alguem no chão
se droga
coragem meu irmão...
e antes que um vento assopre
diga a si próprio, meu amigo
coragem, coração

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Meu avô e o Tempo

Meu avô faleceu aos 98 anos. Conviveu bem com Iroko, o Tempo. Deixamos de usufrir da sua companhia há dez anos e eu ainda sonho e sinto como se ele estivesse aqui. Ouço a entonação de sua voz em determinadas expressões que eram características de sua personalidade forte e engraçada. A relação de amor entre nós era muito intensa. Sofri muito pela saudade, mas ao mesmo tempo fiquei tranquilo, no período de sua morte, porque tinha certeza de que nunca deixei de demonstrar meu amor, minha admaração e dele saber o quanto era importante em mim.

Hoje é dia Iroko. E penso no meu envelhecimento, o de minha mãe, irmã, amigos meus, meu companheiro... penso no tempo compartilhado com essa gente e principalmente do tempo pouco e promissor do pequeno. Como cada idade tem seu encanto e de como precisamos aprender a lidar bem com isso. São acordos importantes que precisamos travar com o Tempo. Alguns sabem melhor do que outros. Meu avô foi um que saía de mãos dadas com Iroko e correu freguesia naquela cidadezinha do interior.

Nesta mesma cidadezinha tem uma sonhora maravilhosa que dá nó no Tempo e nos encanta aos 103 anos, às vésperas de completar 104. Ano passado ela nos deu lição de vida na entrevista no blog, vale a pena relembrar Dona Canô falando sobre o que perturba e qual é um corpo perturbador:

http://ocorpoperturbador.blogspot.com/2010/09/esta-foi-uma-das-entrevistas-para-o.html?spref=fb

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Patrick em movimento - entrevista

Depois de um longo tempo sem conseguir carregar os videos no youtube, venho publicar uma nova entrevista. Hoje falamos sobre o movimento ou mais precisamente a falta dele. Um corpo que não se movimenta é o corpo perturbador para Patrick, um amigo que conheci em São Paulo, produtor de cinema e que abre sua casa para nos movimentarmos em encontros inesquecíveis e muito alegres.

A escolha pela entrevista de Patrick, neste momento, é porque estamos, eu e Ana Luiza, desenvolvendo um trabalho junto a pessoas com deficiência e seus cuidadores, com algum vínculo familiar com militares da Marinha da Bahia. O workshop Contato Sutil propõe exatamente um encontro com o próprio corpo e uma possibilidade de movimento de forma mais ampla, um movimento na vida. Temos observado mudanças significativas nos participantes, o que aconteceu de forma surpreendente ano passado quando o projeto começou e demos continuidade a partir deste mês.



segunda-feira, 8 de agosto de 2011

O cu do mundo

A mais triste nação
Na época mais podre
Compõe-se de possíveis
Grupos de linchadores
(O CU do MUNDO - Caetano Veloso)


Estamos nessa época, ne?

domingo, 7 de agosto de 2011

Sorriso de metralhadora

Uma coisa que gosto muito é ser lembrado pelo sorriso. Desde criança meu jeito de sorrir/gargalhar era uma das minhas marcas. Havia uma prima que dizia "sorriso de metralhadora" e eu gargalhava mais ainda. Fui uma criança muito chorona também, mas sorria demais. Sempre e de tudo. Até hoje é assim e quando encontro determinados amigos então... é metralhadora para tudo que é canto, o tempo todo.

Uma amiga publicou na sua página do Facebbok "lembrando de mim e Cléa juntos:

Riem-se. Rir junto é melhor que falar a mesma língua. Ou talvez o riso seja uma língua anterior que fomos perdendo à medida que o mundo foi deixando de ser nosso." (Mia Couto).

Onte gargalhei demais com Caco, Elaine e Samara. À tarde com minha mãe, irmã, sobrinho e Make.
Para começar bem a semana deixo aqui meu sorriso, pedindo q ele não me falte nessa segunda-feria que chega, embora eu saiba q tanta coisa no mundo tira a graça da gente, mas podemos combater com alegria.


eu e Keu gargalhando em performance na França

sábado, 6 de agosto de 2011

Viola de Arame


Hoje terá o show de lançamento do CD Viola de Arame, com Julio Caldas, Cassio Nobre e Ricardo Hardmann. Horario: 20hs. Local: Largo Quincas Berro D'agua - Pelourinho, Salvador/BA. Entrada Franca.


Cássio é o compositor e músico da trilha sonora d'O Corpo Perturbador. Um grande artista de músicas incríveis, acompanhado de outros gigantes da música baiana. Imperdível!!!

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Onde fui mais feliz

Aos 26 anos tive uma crise depressiva que quase me levou ao uso de remédios para controlá-la. Tudo desencadeou pela dor da perda de um grande amor. Nunca soube perder, nem em jogo de criança. Hoje assisti ao documentário "Maria Bethânia - Pedrinha de Aruanda" e desaguei sentindo saudade de Santo Amaro, relembrando coisas vividas naquele pedaço de chão santo, dos amigos, meus avós, a casa com janela grande onde eu passava sol e chuva gritando as pessoas do outro lado da rua. Santo Amaro é minha maior referência na vida e sou hoje o que me construí ali. Volta e meia a cidade é tema dos meus textos. Sempre ela é inspiração para tudo que faço, até mesmo em algum espetáculo onde não tem uma referência explícita, lá está minha Santinho, porque sou aqui ali e carrego toda história comigo. Chorando, lembrei do tempo de tristezas profundas, um nada querer fazer pela falta do grande amor e pensei aqui comigo que tudo, na verdade, começou em 1995 quando abandonei minha terra e vim para o mundo viver assim. Depois dali, nunca mais fui o mesmo, nem a cidade e quando nos encontramos parece que há um estranhamento, um querer proteger-se da certeza da partida.
 
Mas foi lá na praça e em cada ruazinha, paralelepípedo, quintal, comida, sorriso e saudade onde fui mais feliz. 
 
As ruazinhas
Mário Quintana
 
Eu amo de um amor que jamais saberei expressar
Essas pequenas ruas com suas casas de porta e janela,
Ruas tão nuas
Que os lampiões fazem às vezes de álamos,
com toda a vibratilidade dos álamos, petrificada nos troncos
                                                                                        [imóveis de ferro,
Ruas que me parecem tão distantes
E tão perto
A um tempo
Que eu as olho numa triste saudade de quem já tivesse morrido.
Ruas como as que a gente vê em certos quadros,
Em certos filmes:
Meu Deus, aquele reflexo, à noite, nas pedras irregulares
                                                                                        [do calçamento,
Ou a ensolarada miséria daquele muro a perder o reboco...
Para que eu vos ame tanto
Assim,
Minhas ruazinhas de encanto e desencanto,
É que expressais alguma coisa minha...
Só para mim!
 
Para mim o eterno sobrado de Biju
 

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Codinome Beija-flor

Hoje eu queria uma poesia, um vôo, um beijo..... Queria a vidacazuza. Cazuza significa moleque, segundo consta no livro Só as mães são felizes, de Lucinha Araújo. Queria me esconder num codinome desse e voar longe, pairando às vezes para beber o mar.

Codinome Beija-flor (a minha música no mundo)

Composição: Cazuza / Ezequiel Neves / Reinaldo Arias

Pra que mentir
Fingir que perdoou
Tentar ficar amigos sem rancor
A emoção acabou
Que coincidência é o amor
A nossa música nunca mais tocou
Pra que usar de tanta educação
Pra destilar terceiras intenções
Desperdiçando o meu mel
Devagarzinho, flor em flor
Entre os meus inimigos, beija-flor
Eu protegi o teu nome por amor
Em um codinome, Beija-flor
Não responda nunca, meu amor
Pra qualquer um na rua, Beija-flor
Que só eu que podia
Dentro da tua orelha fria
Dizer segredos de liquidificador
Você sonhava acordada
Um jeito de não sentir dor
Prendia o choro e aguava o bom do amor
Prendia o choro e aguava o bom do amor

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Em xeque, critérios da Funarte

Já sem paciência e sem esperança. Acabo de ler um email sobre absurdos da FUNARTE liberando altas verbas, sem licitação ou edital. Só porque para o Sr. Antônio Grassi acha existem pessoas que "inexigem licitação, por serem ímpares" ao falar da grande Bibi Ferreira. Tudo bem se este pensamento tb passasse por grandes de outras regiões que não apenas o Rio de Janeiro. Por exemplo, aqui na Bahia temos a maravilhosa Yumara Rodrigues que, com absoluta certeza, teria q entrar em licitação, porque grande aqui nesse Brasil somente artista do eixo Rio-São Paulo. É óbvio que Bibi merece todos os créditos e louvores, mas me pergunto se esta mesma dinvindade do teatro brasileiro tivesse nascido em Rondônia, alguém daria este valor? Será que no Acre, no Mato Grosso ou Sergipe não existem artistas tão importantes quanto estes bancados pela FUNARTE e apenas não conhecemos porque a mídia não está aí?
Cada vez mais penso na faxina como solução para os meus problemas.

Vejam a matéria abaixo:

O Estado de São Paulo
Em xeque, critérios da Funarte
Produtores criticam decisão de financiar peças e projetos sem licitação ou edital
02 de agosto de 2011 | 0h 00

Jotabê Medeiros - O Estado de S.Paulo
Sem edital e sem licitação, a Fundação Nacional de Artes (Funarte) contratou este ano projetos vultosos que estão causando protestos de artistas e produtores. O mais vistoso parece ser a decisão de abrigar na Galeria Funarte (no prédio do Palácio Gustavo Capanema, no Rio) uma exposição já montada pelo estilista mineiro Ronaldo Fraga, a mostra São Francisco - Um Rio Brasileiro, entre 25 de outubro e 5 de dezembro. O valor do financiamento é de R$ 800 mil.
A exposição de Fraga já esteve em cartaz em São Paulo - ficou até junho no Pavilhão das Culturas Brasileiras, no Ibirapuera. Fraga já tinha captado R$ 1,1 milhão de recursos pela Lei Rouanet.
Há também a destinação de R$ 300 mil para 5 apresentações de um espetáculo da atriz Bibi Ferreira; R$ 500 mil para 10 apresentações do grupo francês Théâtre du Soleil, referentes ao espetáculo Les Naufragés DuFol Espoir, no Rio de Janeiro; contratação da Zadig Promoções para pré-produção de 3 apresentações de Uma Flauta Mágica, de Peter Brook, no Rio, no valor de R$ 517 mil; contratação da Casa da Gávea para 4 apresentações de Sonho de uma Noite de São João, no valor de R$ 135 mil.
Todos esses projetos em questão estão sendo abrigados na rubrica "Inexigibilidade de Licitação". São decisões diretas da Funarte, não são analisados por comissões externas independentes. A maioria deles já recebeu recursos da Lei Rouanet, por meio de renúncia fiscal, o que caracteriza sobreposição de financiamentos públicos.
O presidente da Funarte, Antonio Grassi, defendeu a singularidade das ações financiadas. Ao Estado, Grassi informou que a exposição do Ronaldo Fraga se insere num projeto maior, já lançado, chamado Microprojetos da Bacia do Rio São Francisco, e que inclui a produção de um livro e oficinas em todas as cidades da chamada bacia do Rio, que serão ministrados por Ronaldo Fraga e Benê Fontelles. Segundo o presidente da Funarte, o projeto de estímulo cultural na Bacia do São Francisco custará, ao todo, R$ 16 milhões.
Sobre o caso de Bibi Ferreira, Grassi diz o seguinte: "De fato, tem algumas pessoas que inexigem licitação, por serem ímpares". Ele alega que Bibi está dentro do contexto da programação de reabertura do Teatro Dulcina ("Algo que já estava no corpo do orçamento da Funarte"), e que é espetáculo inédito. "Dentro desse valor está incluída toda a produção. Ela não está embolsando R$ 300 mil", reagiu.
Segundo Grassi, as apresentações de Peter Brook e Ariane Mnouchkine são parte das ações internacionais da Funarte. Ele diz que a vinda do Théâtre du Soleil pela primeira vez ao Rio é fruto de uma parceria da Funarte com a Prefeitura e o Estado. "Pode checar com o Sesc São Paulo: esse valor de R$ 500 mil é só uma parte, é muito maior o custo de um espetáculo deles".
Como as escolhas são todas no Rio de Janeiro, e feitas sem participação de comissões independentes, alguns produtores apontam uma política de compadrio. A Casa da Gávea, por exemplo, atenderia a interesses de amizade - os donos da Casa da Gávea são Paulo Betti e Cristina Pereira, amigos pessoais de Grassi. Paradoxalmente, o Prêmio Funarte Carequinha, de circo, terá R$ 4,5 milhões em 2011, e o Programa Rede Nacional de Artes Visuais terá R$ 1,9 milhão.

BALCÃO
Bibi in Concert IV - 70 Anos de Histórias e Canções
R$ 300 mil
10 apresentações do grupo francês Théâtre du Soleil
R$ 500 mil
3 apresentações de Peter Brook
R$ 517 mil
Contratação da Casa da Gávea para 4 apresentações de "Sonho de uma noite de São João"
R$ 135 mil

Viva a Diferença - Entrevista na revista VOID


Adoro os dias que nos surpreendem e fazem questão de entrar para a lista de dias felizes. Hoje, 03/08/2011, quis estar nas minhas lembranças assim. Depois de uma vivência emocionante com Judite, com os alunos da Escola São Domingos Sávio, cheguei em casa e recebo esta grata surpresa.

Há uns meses atrás, passenando por blogs sobre devoteísmo me deparei com um comentário de Sabrina Duram, jornalista querendo informações sobre o tema. Achei que ali teria uma ótima oportunidade de reciclar minhas fontes, saber mais sobre a pesquisa dela. Então, mantivemos contato, ela me fez entrevista, trocamos idéias e informações e agora ela me envia a entrevista publicada na íntegra, em meio a uma matéria deliciosa sobre os devotees. a revista toda é gostosa. Estou esperando chegar em casa meu exemplar de papel, mas podemos curtir tudinho virtualmente tb. Minha entrevista está lá pela página 62.

Link para acesso à revista:  http://issuu.com/arevistavoid/docs/void_072

Por favor, voltem para comentar o que acharam das minhas colocações. Vale meter o pau. Uiiiii!! Delícia!

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

#euassino:para acabar com impostos sobre produtos tecnológicos para deficientes

No Brasil, cerca de 27 milhões de pessoas – ou seja, mais de 10% da população – apresentam algum tipo de deficiência, e 70% delas vivem na linha da pobreza ou abaixo dela. A tecnologia pode melhorar, e muito, a qualidade de vida desses indivíduos. Porém, 90% dos produtos voltados a esse fim são importados, e pagam, em média, 60% em impostos para entrar no país. O resultado são preços elevados, restringindo o acesso a um grupo privilegiado da sociedade.

Assine o abaixo-assinado aqui

O movimento "#euassino" , criado pelo Olhar Digital, quer pressionar o governo federal a acabar com os impostos de importação sobre todos os produtos destinados a pessoas com deficiência. São itens como cadeiras de rodas especiais, bengalas com ultrassom, impressoras brailes, entre outros.

A ação começa com o incentivo ao uso da hashtag #euassino no Twitter, das 12h às 23h59 do próximo domingo, dia 24/7. No mesmo dia, o programa Olhar Digital, veiculado na Rede TV! a partir das 15:45h, exibirá uma matéria especial abordando o assunto e chamando a atenção da sociedade para o problema. As ações têm o objetivo de colher 600 mil assinaturas em um abaixo-assinado virtual (no endereço www.olhardigital.com.br/euassino), que será enviado ao Congresso para pressionar pela aprovação de um Projeto de Lei (PL 7916/2010) - que já está na Câmara dos Deputados – e que prevê o fim dos impostos de importação para produtos voltados a deficientes.

O objetivo é fazer com que o Brasil siga o exemplo de países europeus, que, na década de 1950, assinaram o Acordo de Florença. O documento prevê a isenção de impostos para importação de qualquer objeto usado para educação, progresso e inclusão das pessoas com necessidades especiais.

A tecnologia pode fazer toda a diferença para quem mais precisa dela. Participe dessa iniciativa:  assine aqui e tuíte a hashtag #euassino no Twitter neste domingo!

Carta de Lygia Clark ao filho

Meu filho,
Você é um ser.
Existe na medida do mundo.
É pouco.
O mundo é a constatação da realidade exterior que te cerca.
É a tua medida inicial.
É o teu começo mas não o teu fim.
É o chão da tua expressividade pois você é um ser vertical.
Para cima do chão há o “invisível”.
Você pode olhar os seus pés mas não a sua própria imagem.
Esta você a percebe.
Na verticalidade está a medida da sua procura.
Quando você aceitar a simples constatação da vida, aí sim, será o seu começo.
O primeiro sentimento será de perda pois tudo que cai na constatação é vivido como ganho.
Tudo adquirido como perda até a integração absoluta do “o percebido” no seu interior.
É a própria dinâmica da vida: perde-ganha.
Quando você se sentir no mais absoluto desespero você está sendo salvo.
Solte e aceite a tua intuição que te levará a uma aparente solução – solução esta sempre provisória.
Aceite o provisório pois jamais o processo pode parar.
A vida pode vir a ser uma realidade extraordinária desde que você esteja voltado para sua procura interior.
Não há realidade independente do “interior de si”.
Desconfie das coisas claras, a pureza é descoberta dentro da maior conturbação de uma crise. É o ponto luminoso dentro da maior escuridão.
O teu corpo meu filho, é o veículo da tua vivência.
Não o impeça de florir por nada. Cuide dele como você cuida do teu carro.
Toda a tua riqueza interior vai suá-lo, sujá-lo, e até sangrá-lo.
Quando ele estiver gasto externamente você mesmo estará mais inteiriço e completo interiormente.
Você o despirá um dia como a crisálida deixa o casulo.
Ai de você se neste momento você é ainda o início não elaborado pois aí você vai saber que esteve permanentemente morto em vida.

de Lygia Clark, 1970.