Aos 26 anos tive uma crise depressiva que quase me levou ao uso de remédios para controlá-la. Tudo desencadeou pela dor da perda de um grande amor. Nunca soube perder, nem em jogo de criança. Hoje assisti ao documentário "Maria Bethânia - Pedrinha de Aruanda" e desaguei sentindo saudade de Santo Amaro, relembrando coisas vividas naquele pedaço de chão santo, dos amigos, meus avós, a casa com janela grande onde eu passava sol e chuva gritando as pessoas do outro lado da rua. Santo Amaro é minha maior referência na vida e sou hoje o que me construí ali. Volta e meia a cidade é tema dos meus textos. Sempre ela é inspiração para tudo que faço, até mesmo em algum espetáculo onde não tem uma referência explícita, lá está minha Santinho, porque sou aqui ali e carrego toda história comigo. Chorando, lembrei do tempo de tristezas profundas, um nada querer fazer pela falta do grande amor e pensei aqui comigo que tudo, na verdade, começou em 1995 quando abandonei minha terra e vim para o mundo viver assim. Depois dali, nunca mais fui o mesmo, nem a cidade e quando nos encontramos parece que há um estranhamento, um querer proteger-se da certeza da partida.
Mas foi lá na praça e em cada ruazinha, paralelepípedo, quintal, comida, sorriso e saudade onde fui mais feliz.
As ruazinhas
Mário Quintana
Eu amo de um amor que jamais saberei expressar
Essas pequenas ruas com suas casas de porta e janela,
Ruas tão nuas
Que os lampiões fazem às vezes de álamos,
com toda a vibratilidade dos álamos, petrificada nos troncos
[imóveis de ferro,
Ruas que me parecem tão distantes
E tão perto
A um tempo
Que eu as olho numa triste saudade de quem já tivesse morrido.
Ruas como as que a gente vê em certos quadros,
Em certos filmes:
Meu Deus, aquele reflexo, à noite, nas pedras irregulares
[do calçamento,
Ou a ensolarada miséria daquele muro a perder o reboco...
Para que eu vos ame tanto
Assim,
Minhas ruazinhas de encanto e desencanto,
É que expressais alguma coisa minha...
Só para mim!
Mas foi lá na praça e em cada ruazinha, paralelepípedo, quintal, comida, sorriso e saudade onde fui mais feliz.
As ruazinhas
Mário Quintana
Eu amo de um amor que jamais saberei expressar
Essas pequenas ruas com suas casas de porta e janela,
Ruas tão nuas
Que os lampiões fazem às vezes de álamos,
com toda a vibratilidade dos álamos, petrificada nos troncos
[imóveis de ferro,
Ruas que me parecem tão distantes
E tão perto
A um tempo
Que eu as olho numa triste saudade de quem já tivesse morrido.
Ruas como as que a gente vê em certos quadros,
Em certos filmes:
Meu Deus, aquele reflexo, à noite, nas pedras irregulares
[do calçamento,
Ou a ensolarada miséria daquele muro a perder o reboco...
Para que eu vos ame tanto
Assim,
Minhas ruazinhas de encanto e desencanto,
É que expressais alguma coisa minha...
Só para mim!
Para mim o eterno sobrado de Biju
Como a saudade pode ser tão poética!
ResponderExcluirQUANDO A GENTE ESTÁ ASSIM, SÓ INDO LÁ...
ResponderExcluirNEM QUE SEJA PARA DAR UMA VOLTA NA PRAÇA.
A ENERGIA QUE EMANA DAQUELE LUGAR É INCRÍVEL. SÓ QUEM VIVEU EM SANTINHO ENTENDE...