terça-feira, 28 de dezembro de 2010

A histeria de um Corpo PERTURBA-A-DOR

Prezado Edu,
seu relato é cruel pq expõe as misérias de nosso sistema de saúde, mas tb, pq. (des)/ revela algo sobre vc mesmo. Não sou psicanalista -ainda...fiz 7 anos de análise lacaniana e 3 de formação, inconclusa -e penso que essa dor que vc sentiu, pode ser o que Lacan chamava de Sintoma histérico - nada demais, afinal todos temos traços histericos de vez em quando - em função de um espetáculo cujo conteúdo é muito denso e que "PERTURBA-A-DOR" DE SER esse SujEito barrado, esse corpo fora dos padroes, deserotizado,enfim esse "CORPO PERTURB-A-DOR". Ninguém mexe com um significante desse em vão. Freud dizia que o histérico faz do corpo um palco. Talvez, vc devesse reavaliar que significante tem sido revirado,mexido, incomodado com a "feitura" e escrita desse espetáculo em você. Desejo sinceramente que vc melhore, mas saiba que as dores do corpo, assim como os limites desse mesmo corpo, saõ sempre menores que os limites do desejo.
abç fraterno,

Jamile Borges

Recebi esta mensagem como comentário ao post sobre minha recuperação e sobre os problemas com os hospitais, lá no blog Monólogos na Madrugada. Achei impossível não compartilhar aqui no blog do trabalho. Ainda estou refletindo......

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Solidão e animalidade - Diego Becker (entrevista)



Se eu tirasse a imagem de Diego e colocasse a minha, poderia dizer que ele fala de mim. Eu poderia dublar e pegar como minhas as suas palavras. A solidão, animalidade... tudo isso está nesse trabalho novo, está no meu Corpo Perturbador.

Ciranda da alegria


Feliz Natal, galera!!! Hoje é um dia em que a gente mete o pé na jaca, se atola em comida, as nozes se vêem rodada, o peru coitado deve sofrer com uma semana de antecedência e não pela morte, mas pela vergonha dos enfeites. Então, eu peço que vocês se solidarizem comigo que estou de dieta médica e não comam muito, um arrozinho, saladinha.... beber no máximo suco, nada de vodka dentro, viu? Aff, despeito é coisa triste, ne?

Agora falando sério, obrigado pela companhia de vocês aqui e desejo um Natal de muita felicidade e harmonia. Com PERTURBAÇÕES gostosas, com dança, alegria, música, abraços, beijos, pessoas amadas e sorrisos, muito sorrisos. Tudo isso caminhando como uma ciranda, rodando de mãos dadas com todos vocês.

Beijossssss

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Ciganos - entrevista O Corpo Perturbador



Tenho verdadeiro fascínio pela cultura cigana, sua dança, sua música, suas roupas. Sempre tive admiração, desde quando era criança e os via passeando pelas ruas de Santo Amaro.

No Encontro da Diversidade Cultural, promovido pelo MINC, no Rio de Janeiro, encontrei Nicolas e Ingrid Ramanush, representantes da ONG Embaixada Cigana do Brasil e pedi uma entrevista para o blog. Eles são muito simpáticos e a conversa foi melhor do que eu esperava.

A princípio eu não tinha percebido a deficiência de Nicolas, que tem sequela de poliomielite em duas das pernas. Foi incrível a fala dele sobre a aceitação da deficiência dentro da comunidade cigana e também sobre o olhar da sociedadeem geral. Fiquei muito feliz com esta possibilidade de me aproximar um pouco deles, saber coisas que me interessam e agora compartilho aqui.

A Embaixada Cigana do Brasil Prahlipen Romani é uma Sociedade Civil, sem fins lucrativos que visa a valorização e preservação da cultura cigana. Saiba mais neste site interessantíssimo http://www.embaixadacigana.com.br/ Adorei ouvir as lendas ciganas.

Foto meramente ilustrativa encontrada na internet

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O presente de Fábio




Fotos de Fábio Duarte

Fábio é um amigo das antigas, quando eu estudava em Belas Artes. Não lembro se ele fazia a faculdade na mesma época, mas sei que não saía de lá. Amei as fotos que ele com a Holga, sua máquina lomográfica, que captou as cores tão lindamente. É de uma beleza e poesia que me comoveu ao ver o meu espetáculo através de seus/suas olhos/lentes.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Evoé, Baco!


Dioniso, Baco, Zagreu, Iaco, Brômio, Eduardo, João, Nei, Alencar, Thiago, Pedro, Marcos, Igor, Kley, Alexsandro, Leo, Tony, Valter, Ricardo, André, Carlos, Sidinei, Cassio........



Muitos deuses, muitos homens... Cada um com suas mortes, transformações... Ritos de passagem... Rejuvenescimento...

O mito de Dioniso é uma verdadeira celebração à vida, à força da luta pela vida, pela afirmação da vida, é uma transgressão às regras para se firmar como deus. É a luta da vida contra a morte. Ressurreição. Ao estudar-se o Tarô dos Anjos, percebe-se uma aproximação desse mito com a carta da Morte, que tem como palavra-chave TRANSFORMAÇÃO, FIM NECESSÁRIO. A carta da morte sugere que após o reconhecimento da futilidade, ocorre uma transformação de fato, no sentido de regeneração espiritual. Mas como se sabe, existe um período de tristezas e incertezas, entre a poda do velho e a maturação do novo. O Dioniso Arcaico morre, dando lugar a um novo Dioniso, renascido e gerado nas coxas do pai, trazendo consigo o poder da transformação. A morte é ao mesmo tempo mudança e estabilidade.

Todo pensamento transgressor está ligado a Dioniso, tudo que foge aos padrões, às regras. Esse é um deus de atitudes desmedidas, como já foi dito anteriormente “iniciador ao êxtase místico resultante da entrega do corpo às substâncias  inebriantes, com ênfase nas bebidas alcoólicas” Junito Brandão. No início  o mito de Dioniso não foi bem aceito na Grécia, por não ser um mito genuinamente grego, ainda hoje a loucura também não é bem aceita por ameaçar a normalidade, por não (“dever”) pertencer genuinamente à mente humana, há pouco tempo atrás o alcoolismo era tratado em hospitais psiquiátricos, os artistas são considerados pessoas excêntricas, “loucas”, ou seja, nada que não esteja sob  controle e questiona e faz pensar não serve para esse mundo padronizado, mecânico, apolíneo, embora a desmedida dionisíaca esteja por toda parte.  Faz-se necessário aqui a comparação entre esses dois deuses para entender-se melhor a análise de mundo sob este ponto de vista. “Esses dois deuses acabaram virando uma espécie de parâmetro para características humanas que se opõem. Os apolíneos (pessoas com traços semelhantes aos de Apolo ou com tendências a agir como ele) seriam mais racionais, apreciadores da medida, da lógica, das curvas perfeitas, da harmonia, das emoções contidas e bem dosadas. Já os dionisíacos são aqueles que não dão importância para a medida e a razão. Eles ultrapassam as convenções em nome da luxúria, das emoções intensas, do prazer sem limites, das experiências sensoriais, que valem mais do que qualquer raciocínio lógico. Os dionisíacos são pura emoção, enquanto os apolíneos prezam pela razão, ou seja, os dois deuses compõem a dicotomia humana” Revista Deuses Gregos.

Desejei falar sobre esse mito por pura identificação em várias questões trazidas pelo mesmo: a questão  da luta por firmar-se; a transformação (literalmente) corporal dando incentivo a esta luta; pela arte à qual este é associado “ligado ao gênero dramático”; o sentido de êxtase e embriaguez trazido pelo mito, o “ser tomado de um delírio sagrado”. Enfim muitas questões que me orgulham de apesar ter em mim o apolíneo, ser o espírito dionisíaco que me impulsiona sempre para atingir meus objetivos.

Fotos de Nei Lima

"Venha aqui, Dioniso, ao seu templo sagrado junto ao mar; Venha com as Graças ao seu templo, correndo com seus pés de touro, Oh bom touro, Oh bom touro!"

De acordo com uma versão do mito da morte e renascimento de Dioniso, foi como touro que ele foi despedaçado pelos Titãs, e os habitantes de Creta representavam os sofrimentos e morte de Dionísio despedaçando um touro. Aliás, o ato de matar ritualmente um touro e devorar sua carne era comum aos ritos do deus, e não há dúvidas que quando os seus adoradores faziam esses sacrifícios, acreditavam estar comendo a carne do deus e bebendo seu sangue.

Outro animal cuja forma era assumida por Dioniso era o cabrito. Isso porque para salvá-lo do ódio de Hera, seu pai, Zeus, o transformou nesse animal. E quando os deuses fugiram para o Egito para escapar da fúria de Tifon, Dioniso foi transformado em um bode. Assim, seus adoradores cortavam em pedaços um bode vivo e o devoravam cru, acreditando estar comendo a carne e bebendo o sangue do deus.

No caso do cabrito e do bode, quando o deus passou a ter sua forma humana mais valorizada, a explicação para se sacrificar o animal veio de um mito que narrava que uma vez esse animal havia despedaçado uma vinha, objeto de cuidados especiais do deus. Nota-se que neste caso perdeu-se o sentido de sacrificar o próprio deus, tornando-se um sacrifício para o deus.

Uma vez, quando Dioniso quis navegar de Icaria para Naxos, ele entrou em um navio pirata tirreano. Os piratas, entretanto, ignoravam a identidade do deus, e tencionavam vendê-lo como escravo na Ásia. Quando percebeu que estavam indo para outra direção, Dioniso fez brotar heras pelo navio e transformou o mastro em uma grande serpente. Ouvia-se o som de flautas, e o doce aroma do vinho podia ser sentido por toda a embarcação. Os piratas enlouqueceram, e atirando-se ao mar foram transformados em golfinhos.