Dioniso, Baco, Zagreu, Iaco, Brômio, Eduardo, João, Nei, Alencar, Thiago, Pedro, Marcos, Igor, Kley, Alexsandro, Leo, Tony, Valter, Ricardo, André, Carlos, Sidinei, Cassio........
Muitos deuses, muitos homens... Cada um com suas mortes, transformações... Ritos de passagem... Rejuvenescimento...
O mito de Dioniso é uma verdadeira celebração à vida, à força da luta pela vida, pela afirmação da vida, é uma transgressão às regras para se firmar como deus. É a luta da vida contra a morte. Ressurreição. Ao estudar-se o Tarô dos Anjos, percebe-se uma aproximação desse mito com a carta da Morte, que tem como palavra-chave TRANSFORMAÇÃO, FIM NECESSÁRIO. A carta da morte sugere que após o reconhecimento da futilidade, ocorre uma transformação de fato, no sentido de regeneração espiritual. Mas como se sabe, existe um período de tristezas e incertezas, entre a poda do velho e a maturação do novo. O Dioniso Arcaico morre, dando lugar a um novo Dioniso, renascido e gerado nas coxas do pai, trazendo consigo o poder da transformação. A morte é ao mesmo tempo mudança e estabilidade.
Todo pensamento transgressor está ligado a Dioniso, tudo que foge aos padrões, às regras. Esse é um deus de atitudes desmedidas, como já foi dito anteriormente “iniciador ao êxtase místico resultante da entrega do corpo às substâncias inebriantes, com ênfase nas bebidas alcoólicas” Junito Brandão. No início o mito de Dioniso não foi bem aceito na Grécia, por não ser um mito genuinamente grego, ainda hoje a loucura também não é bem aceita por ameaçar a normalidade, por não (“dever”) pertencer genuinamente à mente humana, há pouco tempo atrás o alcoolismo era tratado em hospitais psiquiátricos, os artistas são considerados pessoas excêntricas, “loucas”, ou seja, nada que não esteja sob controle e questiona e faz pensar não serve para esse mundo padronizado, mecânico, apolíneo, embora a desmedida dionisíaca esteja por toda parte. Faz-se necessário aqui a comparação entre esses dois deuses para entender-se melhor a análise de mundo sob este ponto de vista. “Esses dois deuses acabaram virando uma espécie de parâmetro para características humanas que se opõem. Os apolíneos (pessoas com traços semelhantes aos de Apolo ou com tendências a agir como ele) seriam mais racionais, apreciadores da medida, da lógica, das curvas perfeitas, da harmonia, das emoções contidas e bem dosadas. Já os dionisíacos são aqueles que não dão importância para a medida e a razão. Eles ultrapassam as convenções em nome da luxúria, das emoções intensas, do prazer sem limites, das experiências sensoriais, que valem mais do que qualquer raciocínio lógico. Os dionisíacos são pura emoção, enquanto os apolíneos prezam pela razão, ou seja, os dois deuses compõem a dicotomia humana” Revista Deuses Gregos.
Desejei falar sobre esse mito por pura identificação em várias questões trazidas pelo mesmo: a questão da luta por firmar-se; a transformação (literalmente) corporal dando incentivo a esta luta; pela arte à qual este é associado “ligado ao gênero dramático”; o sentido de êxtase e embriaguez trazido pelo mito, o “ser tomado de um delírio sagrado”. Enfim muitas questões que me orgulham de apesar ter em mim o apolíneo, ser o espírito dionisíaco que me impulsiona sempre para atingir meus objetivos.
Fotos de Nei Lima
"Venha aqui, Dioniso, ao seu templo sagrado junto ao mar; Venha com as Graças ao seu templo, correndo com seus pés de touro, Oh bom touro, Oh bom touro!"
De acordo com uma versão do mito da morte e renascimento de Dioniso, foi como touro que ele foi despedaçado pelos Titãs, e os habitantes de Creta representavam os sofrimentos e morte de Dionísio despedaçando um touro. Aliás, o ato de matar ritualmente um touro e devorar sua carne era comum aos ritos do deus, e não há dúvidas que quando os seus adoradores faziam esses sacrifícios, acreditavam estar comendo a carne do deus e bebendo seu sangue.
Outro animal cuja forma era assumida por Dioniso era o cabrito. Isso porque para salvá-lo do ódio de Hera, seu pai, Zeus, o transformou nesse animal. E quando os deuses fugiram para o Egito para escapar da fúria de Tifon, Dioniso foi transformado em um bode. Assim, seus adoradores cortavam em pedaços um bode vivo e o devoravam cru, acreditando estar comendo a carne e bebendo o sangue do deus.
No caso do cabrito e do bode, quando o deus passou a ter sua forma humana mais valorizada, a explicação para se sacrificar o animal veio de um mito que narrava que uma vez esse animal havia despedaçado uma vinha, objeto de cuidados especiais do deus. Nota-se que neste caso perdeu-se o sentido de sacrificar o próprio deus, tornando-se um sacrifício para o deus.
Uma vez, quando Dioniso quis navegar de Icaria para Naxos, ele entrou em um navio pirata tirreano. Os piratas, entretanto, ignoravam a identidade do deus, e tencionavam vendê-lo como escravo na Ásia. Quando percebeu que estavam indo para outra direção, Dioniso fez brotar heras pelo navio e transformou o mastro em uma grande serpente. Ouvia-se o som de flautas, e o doce aroma do vinho podia ser sentido por toda a embarcação. Os piratas enlouqueceram, e atirando-se ao mar foram transformados em golfinhos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário