quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Complexo de Peter Pan

Lembro que a puberdade foi um momento muito difícil para mim, acho que para qualquer pessoa. Morria de vergonha quando comentavam sobre os pêlos do meu bigode ralo, das axilas, sobre a mudança de voz. A cabeça dava um nó e quanto mais falavam mais eu me retraía e não usava camiseta e tentava controlar o grave da voz, não raspava a cara porque minha mãe dizia que era pior. Uma catástrofe!

A mudança corporal e comportamental, porque agora já não dava mais ser tão infantil, o grupo mudara, os objetos de desejo iam sendo substituidos ao mesmo tempo em que mais pêlos cresciam. Ali desenvolvi o Complexo de Peter Pan, mais por me tornar homem do que por crescer propriamnete. Minhas referências maculinas nunca foram das melhores e eu me recusava a ser homem daquele jeito.

Comecei a fechar a porta do banheiro (lá em casa tínhamos o hábito de fazer tudo com porta aberta), me cobria, escondia meus pêlos pubianos. A deficiência nunca foi motivo de trauma para mim, mas esses sinais de outra fase chegando me atormentaram durante um longo tempo e eu não queria crescer.

Hoje que essas coisas não me azucrinam mais, fico com pena de ter crescido e perdido uma luz que tinha bem lá no fundo. Essa sim foi a pior mudança que me aconteceu.

Encontrei um artigo, achei interessante publicar aqui:

Complexo de Peter Pan
Fonte: http://www.portalespiritualista.org/artigos-revistas/157-complexo-de-peter-pan
Complexo de “Peter Pan” é uma expressão decorrente do personagem Peter Pan, criado pelo escritor James M. Barie, e que consiste numa compulsão em que homens e mulheres desejam manter-se sempre jovens e por essa razão se descuidam do papel adulto ou das responsabilidades, sem assumi-las, ou por sentir ou encontrar dificuldades ou por não as valorizarem como deveriam.

As causas do complexo de Peter Pan são advindas, no geral, da falta do autoconhecimento, que permite avaliar e dimensionar as potencialidades psicoemocionais e a realidade ou circunstâncias da vida. As pessoas imaturas nem sempre aceitam os compromissos e deveres destinados ao seu aprimoramento como ser humano. Reagem aos deveres, negando a realidade imposta pelo movimento cíclico do amadurecimento físico.

Como não se pode evitar o crescimento inexorável, desejam permanecer no estágio infanto-juvenil e negam as exigências naturais da vida. Essa fuga pode também representar uma desordem ou um desajuste psíquico decorrente do tipo de lar, dos fatores educacionais, profissionais, afetivos, materiais, morais, intelectuais, emocionais, religiosos e fisiológicos. No entanto, todos esses fatores têm uma causa única: a falta de desenvolvimento do senso moral, que propicia a superação de obstáculos íntimos ou externos.

Quem busca o rejuvenescimento físico através de cirurgias plásticas nem sempre tem complexo de Peter Pan, mas é possível que as constantes e desnecessárias cirurgias plásticas estejam associadas ao complexo de Peter Pan.

A insatisfação ou a apatia profissional, em certos casos, pode se constituir em causa ou efeito do complexo de Peter Pan. Saber escolher e adaptar-se a certas atividades e deveres do trabalho profissional também faz parte da necessidade do autoconhecimento. Identificar-se com o trabalho que realiza é condição imprescindível para o equilíbrio psicoemocional e moral do ser humano. Há muitos desastres morais, neuroses, psicoses e complexos resultantes da falta de uma atividade profissional que se ajuste às necessidades psicológicas, emocionais e individuais da pessoa.

A superproteção dos pais pode causar nos filhos o complexo de Peter Pan, dependendo da estrutura da personalidade dos filhos e de suas reações a certas atitudes censuráveis dos pais. Impedir ou inibir a expressão da individualidade de filhos ou educandos é promover a falta de iniciativa, a ociosidade, a indiferença e o personalismo.

Uma vida social muito direcionada a festas e recreações pode se constituir numa manifestação do complexo de Peter Pan, nos casos em que homens e mulheres, mesmo após o casamento, comportam-se como se não existissem as responsabilidades ligadas à vida matrimonial. Assumem posturas mais voltadas às diversões, festas e outros prazeres recreativos e sociais que aos deveres e responsabilidades que lhe cabem realizar, destinados ao equilíbrio e ao aperfeiçoamento da personalidade.

2 comentários:

  1. Edu, nem sei.
    Mas complexo de gente grande também pode ser um saco, que gente que se leva a sério demais, que é responsável demais, pondera demais e faz tudo como se fosse mais acaba insuportavelmente entediante.
    bj

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  2. é vero... eu passei e vc tmbm e acredito que muitos outros...essa transiçao nao é fácil, assim como qualquer outra...é que se trata da nossa primeira grande transiçao...a primeira vez que lidamos com um corpo pertubador... deixar de ser criança...ganhar consciencia... eva e a maça...etc... na verdade, acho que a crise maior é perceber a inexorabilidade da vida... que a coisa vai rolar, mesmo sem a sua autorizaçao e "engole o choro" e "vida que segue!"... mas como nunca fui de engolir o choro ( e nem de levar desaforo p casa), a angústia humana e eu estamos numa peleja desde entao...mas se ela é dois, eu sou tres e a arte é o nosso ponto de convergencia....... parabéns pelo blog, é ótimo! bjô

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