quarta-feira, 20 de junho de 2012

Difícil é ser humano e conviver com os humanos, meus irmãos

O difícil é ser humano e conviver com outros humanos, esses meus irmãos, aqui nesta terra d'Oxum. Está ficando impossível manter a alegria e a calma ao sair em Salvador. É sempre a certeza de aborrecimento, mau cheiro, falta de educação.... fora que para um cadeirante é a certeza de impossibilidade de locomoção, participação na vida social do lugar. Sem acessibilidade, você fica refém e dependente da boa vontade e paciência alheia.

Hoje fui assinar um contrato na Fundação Cultural do Estado da Bahia que está localizada, atualmente, no prédio do antigo Liceu de Artes e Ofícios. Lugar sem estacionamento e péssimo para conseguir parar o carro. Tive o cuidado de perguntar com antecedência sobre o melhor procedimento para evitar transtornos, acertei com a pessoa para que tudo estivesse pronto na minha chegada, com medo de atrapalhar tanto o funcionamento da instituição quanto do taxista que me levou. Sim, porque transporte público para cadeirante aqui só mesmo táxi. Era impossível chegar até ali por outro meio. Nisso você imagina o valor da corrida que é exorbitante nesta cidade que vive para quem vem de fora, seus habitantes não valem nada.

Como seria mais rápido eu assinar as 3 folhas de papel dentro do carro, do que parar, tirar a cadeira, montar as rodas, colocar almofada e os pés, fazer a transferência e entrar na casa. Comecei a assinar no painel mesmo. Mas, eis que surge um irmão humano, demasiadamente humano e começa a buzinar sem fim. Com a mão pesada descarrega grosseria. Repito, foi mais rápido (menos de 2 minutos) assinar ali do que fazer todo o procedimento da cadeira. Para completar o policial que estava na esquina, aquele animal, aliás não, animal só ataca para se defender e matar fome, aquele outro humano, chegou com toda arrogância que aquela farda lhe proporciona, pensando ter poder e desfia outra série de grosserias, além de ameaçar multar o táxi do rapaz que me prestava serviço.

O que ele não entende é que um Estado que não atende às mínimas exigências de acessibilidade, um Estado corrompido e burro, mergulhado na mediocridade e soberba, um Estado que se considera superior àqueles a quem ele deve satisfação... este Estado que não cumpre suas obrigações, não deveria, pela representatividade que ele, o policial, significava naquele momento, não deveria, nem poderia ameaçar ninguém por estar causando transtorno e danos a quem quer que seja. Porque tudo começou porque este Estado já causou um dano indescritível em quem não pode correr contra este sistema. Se a acessibilidade fosse respeitada e efetivada, nada disso teria acontecido.

Eu, humano que sou, errado por nascer, entendo "Um dia de fúria"!


2 comentários:

  1. A ignorância e falta de compreensão ainda vai levar o homem a extinção.
    Eu creio no amor dum jeito quase platônico, mas quero manter assim. Porque só assim eu ainda consigo tentar entender porque com tanta informação e caminhos para evoluir, ainda existe gente desse jeito no mundo.
    Não basta Ser Humano, tem que existir humano dentro do ser.

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  2. Acho Edu, que todos nós entendemos "um dia de fúria"...
    Às vezes acho que que "gentileza gera gentileza", mas digo, é com enorme gasto de energia que tento seguir o mandamento...
    Outras vezes o gasto de energia é muito mais incrível para a que eu não encarne o personagem de MIchael Douglas..

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