quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Vida de modelo

Hoje passei a manhã inteira fazendo fotos na Escola de Belas Artes a pedido de uma turma de lá para trabalho de uma disciplina. Eles escolheram fazer imagens de meu corpo com as pernas de Baco que utilizo no espetáculo O Corpo Perturbador. Foi maravilhoso fazer uma performance pensando em como isso seria traduzido pelos olhares dos fotógrafos. Uma delícia! Depois irei publicar o texto da galera e algumas imagens para compartilhar com os visitantes-amigos daqui do blog. Adoro quando um projeto meu vai tomando outras dimensões e tendo desdobramentos que fogem ao meu controle. É sempre bom nos vermos pelos olhos dos outros. Foi maravilhoso também retornar à minha escola, onde me formei em 2001 e ver que deixamos marcas aonde passamos. Encontrei amigos antigos e foi tanto carinho. Dia muito especial.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Simplesmente ser já é muita coisa

Tomei conhecimento, tardiamente, deste episódio que se passou com uma criança com deficiência no Shopping Barra, sobrinha de Padre Alfredo, amigo querido. Me causou uma tristeza profunda saber que uma menina de 9 anos já sente o que eu só vim começar a sentir depois de grande, ao morar em Salvador. Sempre falo que nunca tive contato com o discurso da Inclusão, Acessibilidade, em Santo Amaro eu participava de tudo e nunca, ninguém me falou que eu estava sendo incluído, porque eu simplesmente era e ser já é muita coisa, já abre muitas portas na vida. Freqüentei todos os lugares, todas as festas, bares, casas, escola tradicional, parques, brinquedos....

Quando cresci e me deparei com este mundo (e me parece estar piorando a cada dia) com segmentações, com discriminação forjada por motivos de segurança, com preguiça de conhecer o outro, sacanagem por achar que o outro atrapalha, vim adoecendo e me entristecendo, com receio de sair e ser rejeitado pelo taxista, motorista do ônibus, os bares sem banheiros que eu possa usar, ruas quebradas, serviços péssimos... tudo isso é violento, é agressivo demais. Receio que Iana sinta o que sinto, mas ela é danada, já pensa em ser advogada, já se mobilizou, mobilizou outras pessoas, se articulou toda e agora é tema de um texto maravilhoso, escrito por Sillas Freitas de Jesus, que concorre a um prêmio no 7º Causos do ECA (Estatudo da Criança e Adolescente).

Aqui o início do texto para vocês entenderem o que se passou e depois acessem pelo link para concluir a leitura e votar.

Neste parquinho todo mundo pode brincar!
Sillas Freitas de Jesus
Iana nasceu com uma deficiência física diagnosticada como artrogripose congênita nos membros inferiores, que a impedia de caminhar. Hoje, ela tem nove anos e, após uma cirurgia, caminha com o uso de próteses em ambas as pernas. É para-atleta e pratica natação no Instituto Baiano de Reabilitação.
Num domingo ensolarado, em janeiro de 2011, convidou seu tio e uma colega para um passeio no Shopping Barra, em um bairro nobre de Salvador (BA). No 1º piso do shopping, Iana e sua amiga viram e desejaram brincar no escorregador inflável, onde algumas crianças subiam e desciam felizes. Iana foi impedida de se divertir no atraente brinquedo sob a alegação de que só se pode entrar ali sem calçados. Ora, as próteses de Iana são suas pernas e não ofereciam qualquer risco ao equipamento ou aos demais usuários. Mas o jovem que cobrava os ingressos foi inflexível: “Só pode entrar sem sapatos! Ordens são ordens”.

Para minimizar a frustração da criança, foram à brinquedoteca “Pirlimpimpim”, no mesmo shopping. Lá, também houve negativa, desta vez da própria gerente, que afirmou que os equipamentos não são acessíveis a pessoas com deficiência. A discriminação ali era ainda maior, porque a brinquedoteca tem diversos jogos e brinquedos, alguns deles para usar sentado, como é o caso dos jogos de computador. Indignada, Iana perguntou: “Oxente, meu tio, não tem nenhum lugar nesta cidade onde uma criança com deficiência possa brincar?”.

http://www.pro-menino.org.br/votacao/neste-parquinho-todo-mundo-pode-brincar.php

Vale a pena conhecer as outras histórias que estão no site.

sábado, 17 de setembro de 2011

Ainda conseguimos comer e tomar banho

Nunca acreditei que não há tempo para realizarmos as coisas, até mesmo quando eu afirmava a falta de tempo, sabia que havia uns minutos, algum momento em que dava tempo para mais alguma coisa, mas fui tomado por este atropelo e me vi assim, completamente atolado, areia movediça, sem tempo para me salvar.

E não é desculpa, nem queixa, é constatação.

Imersos num processo artístico rico e forte como tem sido o Euphorico: Je t'aime, intercâmbio com a Cia Artmacadam - França, acordamos e dormimos em estado de euforia. Trabalhamos logo cedo e só paramos quando o corpo e os olhos não suportam mais. Bem que forçamos ao máximo tentando vencer o cansaço.

Hoje já estou em Minas Gerais e logo volto para mais ensaios, apresentação e viagens.... e como é bom!!!

Bom por causa dos encontros, bom por causa de tanto amor, bom porque trabalho. E o tempo vai virando amigo, vai cedendo, se esticando dali, parando daqui e tudo vai se ajeitando.

Ainda conseguimos comer e tomar banho.

domingo, 11 de setembro de 2011

Com o edi piscando

Hoje é dia de Parada Gay em Salvador e mais do que nunca estou com o edi piscando de medo com as notícias que receberemos amanhã pela imprensa. A violência crescente, a intolerância, o desrespeito.... e a festa.

Vamos que vamos. Amanhã será um outro dia.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Sobre rancores e âncoras - entrevista Beatriz Fortes

Quantos racores acumulamos durante a vida. E o que eles fazem de nós. Quantos nós existem dentro de. Quem desata-nos...... E o quanto adoecemos. Segundo o dicionário, é um ressentimento profundo e reservado decorrente de mágoa que se sofreu sem protesto; aversão não manifestada. Aquilo que engolimos seco, os sapos, as palavras, os gestos, as notícias..... o mundo. E há olhos que não nos vêem e há o que não vemos.

Quantos rancores provocamos? E se tudo explodisse de uma só vez? Suportaríamos.

E o peso das âncoras? Em que momento deixam os barcos partirem?



Bia Fortes é uma amiga que faz bem sabermos que existe. Uma pessoa sensível e forte também como seu nome. Concedeu uma entrevista belíssima, falando de um assunto tão importante, com um olhar delicado sobre os invíseis na rua.

Hoje eu queria falar sobre os rancores, acho que tem a ver.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Nascer é quase amar

Quem pode dizer que nunca matará? Em situações extremas de guerra, de medo, de raiva..... quem um dia não ousará? Eu tenho medo de mim e há violência. Sim.

Quem tem medo de amar? Quem ousará me amar? Te amar. Amar é quase matar. Quem dirá?

Aquele que ousou, que infernizou o juízo, que doeu em tremor.... olhos fechados e dentes serrando a gengiva.

Nascer é quase amar. E chorar... chorar está lá.

Ali no estalar dos olhos que piscaram me matando de amar.

E amar é tirar todo o sumo e ser feliz depois com o bagaço e os fios de manga entre os dentes.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

O que é isso companheiro?

Quanto mais eu rezo, mais assombração me aparece. Hoje foi um dia difícil e para enfiar a faca até o final eu tinha que saber dessa notícia absurda que saiu no Correio da Bahia. Eu sinceramente não tenho nem o que comentar, porque aquela alegria foi tão grande e agora a decepção. É foda, viu?

Obrigado a JP por me enviar o comentário com com o link. A notícia é essa:

"Depois de fazer história ajudando a África do Sul a se classificar para a final do revezamento 4x400m, Oscar Pistorius teve, nesta sexta-feira, a decepção de ver seu nome fora do quarteto que brigará pela medalha de ouro em Daegu, na Coréia do Sul. Primeiro atleta amputado a participar de um Mundial de Atletismo, Pistorius será substituído, por decisão da comissão técnica.

Via Twitter, o atleta mostrou-se surpreso, porém fez questão de mostrar-se agradecido pela oportunidade de já ter escrito seu nome na história do esporte do país.

Além da qualificação para a final, Pistorius contribuiu para que o time sul-africano batesse o recorde nacional com o tempo de 2m59s21, e ainda alcançou classificação para as semifinais dos 400m rasos (terminou em último sua bateria e ficou fora da luta por medalhas). As informações são do Globo Esporte."