quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Simplesmente ser já é muita coisa

Tomei conhecimento, tardiamente, deste episódio que se passou com uma criança com deficiência no Shopping Barra, sobrinha de Padre Alfredo, amigo querido. Me causou uma tristeza profunda saber que uma menina de 9 anos já sente o que eu só vim começar a sentir depois de grande, ao morar em Salvador. Sempre falo que nunca tive contato com o discurso da Inclusão, Acessibilidade, em Santo Amaro eu participava de tudo e nunca, ninguém me falou que eu estava sendo incluído, porque eu simplesmente era e ser já é muita coisa, já abre muitas portas na vida. Freqüentei todos os lugares, todas as festas, bares, casas, escola tradicional, parques, brinquedos....

Quando cresci e me deparei com este mundo (e me parece estar piorando a cada dia) com segmentações, com discriminação forjada por motivos de segurança, com preguiça de conhecer o outro, sacanagem por achar que o outro atrapalha, vim adoecendo e me entristecendo, com receio de sair e ser rejeitado pelo taxista, motorista do ônibus, os bares sem banheiros que eu possa usar, ruas quebradas, serviços péssimos... tudo isso é violento, é agressivo demais. Receio que Iana sinta o que sinto, mas ela é danada, já pensa em ser advogada, já se mobilizou, mobilizou outras pessoas, se articulou toda e agora é tema de um texto maravilhoso, escrito por Sillas Freitas de Jesus, que concorre a um prêmio no 7º Causos do ECA (Estatudo da Criança e Adolescente).

Aqui o início do texto para vocês entenderem o que se passou e depois acessem pelo link para concluir a leitura e votar.

Neste parquinho todo mundo pode brincar!
Sillas Freitas de Jesus
Iana nasceu com uma deficiência física diagnosticada como artrogripose congênita nos membros inferiores, que a impedia de caminhar. Hoje, ela tem nove anos e, após uma cirurgia, caminha com o uso de próteses em ambas as pernas. É para-atleta e pratica natação no Instituto Baiano de Reabilitação.
Num domingo ensolarado, em janeiro de 2011, convidou seu tio e uma colega para um passeio no Shopping Barra, em um bairro nobre de Salvador (BA). No 1º piso do shopping, Iana e sua amiga viram e desejaram brincar no escorregador inflável, onde algumas crianças subiam e desciam felizes. Iana foi impedida de se divertir no atraente brinquedo sob a alegação de que só se pode entrar ali sem calçados. Ora, as próteses de Iana são suas pernas e não ofereciam qualquer risco ao equipamento ou aos demais usuários. Mas o jovem que cobrava os ingressos foi inflexível: “Só pode entrar sem sapatos! Ordens são ordens”.

Para minimizar a frustração da criança, foram à brinquedoteca “Pirlimpimpim”, no mesmo shopping. Lá, também houve negativa, desta vez da própria gerente, que afirmou que os equipamentos não são acessíveis a pessoas com deficiência. A discriminação ali era ainda maior, porque a brinquedoteca tem diversos jogos e brinquedos, alguns deles para usar sentado, como é o caso dos jogos de computador. Indignada, Iana perguntou: “Oxente, meu tio, não tem nenhum lugar nesta cidade onde uma criança com deficiência possa brincar?”.

http://www.pro-menino.org.br/votacao/neste-parquinho-todo-mundo-pode-brincar.php

Vale a pena conhecer as outras histórias que estão no site.

2 comentários:

  1. Processo, já!!!!!!!!!1111 Justiça por esta e por todas as crianças, com ou sem necessidades especiais!

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  2. Sinto vergonha por essas pessoas que não têm um pingo de sensibilidade. ABSURDO!

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