Aquele senhor me lembrava meu avô. Se fosse ele a passar por entre os carros de vidros fechados, pedindo um trocado para sua fome? Naquela idade, aquele senhor não tem o que comer, não tem aposentadoria, não tem um boné para proteger sua cabeça do sol. Eu dentro do táxi com ar-condicionado, chorava e me envergonhava. De que? Sou culpado por etsar ali dentro? Sou o responsável por aquele senhor está ali fora? Queria colocá-lo dentro e levá-lo para casa. Que casa? Para que, meu filho? Para que, meu Deus?
Essa imagem não me saiu da cabeça. Aquele senhor recostado na parede da lanchonete, descansando à espera do sinal vermelho de um sinal verde que nunca o virá passar.
Cheguei em casa e no corredor do prédio o cheiro de comida gostosa me deu náusea.
Publiquei este conto junto com a entrevista de Nina porque compartilhamos da mesma inquietação, da mesma perturbação. Hoje me deu vontade de falar sobre isso.
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