quinta-feira, 11 de outubro de 2012

O Riso

Augusto dos Anjos

O Riso - o voltairesco clown quem mede-o?!
- Ele, que ao frio alvor da Mágoa Humana,
Na Via-Látea fria do Nirvana,
Alenta a Vida que tombou no Tédio!

Que à Dor se prende, e a todo o seu assédio,
E ergue à sombra da dor a que se irmana
Lauréis de sangue de volúpia insana,
Clarões de sonho em nimbos de epicédio!

Bendito sejas, Riso, clown da Sorte
- Fogo sagrado nos festins da Morte
- Eterno fogo, saturnal do Inferno!

Eu te bendigo! No mundano cúmulo
És a Ironia que tombou no túmulo
Nas sombras mortas de um desgosto eterno!

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

A ausência do corpo

O que perturba meu corpo, hoje, é a ausência do corpo dele. Falando assim pode parecer injusto já que é meu corpo que normalmente se ausenta em viagens longas, despedidas compridas, oceanos que transbordam em dias, semanas... e amor é isso, junção de corpos-vidas e agora é a minha que vai, houve tempo em que minha vida era ficar e por isso sei também o quanto ele sente, as noites, os pesadelos... não, os pesadelos são meus aonde quer que eu esteja e é sempre o pensamento, o colo, o cheiro dele que acalma o soluço na madrugada e me faz novamente dormir.

Hoje ele foi ali rapidinho, já volta em menos de 24 horas, mas meu corpo já sentiu sua falta no bater da porta, na pressa do corredor, no esquecer da chave, na impossibilidade do beijo.

Eu que ando indo por aí, sofri por ter ficado.

sábado, 1 de setembro de 2012

O choro de cada dia (para Milton Nascimento e meu avô)



Tenho derramado todas as manhãs. Cada dia por motivos diferentes, por motivos que eu nem sei.

Ontem. Como o desejo era tão forte e eu havia acabado de acordar, eu não sei se sonhei-pensei-senti o cheiro de meu avô. Imediatamente me veio o nó, a vontade de chorar e a cachoeira derramando. Havia delicadeza naquela lágrima, havia alegria por tê-lo tido na vida, havia saudade e vontade de que ele continuasse aqui, embora a idade avançada e a certeza de que não viramos sementes. Chorei um choro tão gostoso e solitário que naquele café da manhã londrino só faltaram a torradas que ele fazia.

Hoje acordei irritado com uma italianada mal educada fazendo barulho no corredor, mas o que me fez chorar foi ouvir Milton Nascimento. Sinto tanta pena dessa geração nova que nem deve conhecê-lo, não porque não tenham interesse, mas a mídia é negligente, perversa, nos priva do contato com o que há de sublime, com o que nos transforma em seres singulares, únicos. A mídia nos faz padronizados, impõe os mesmos gostos, os mesmos sons, as mesmas bundas.

Talvez eu tenha chorado de alegria por ter tido oportunidade de inúmeras vezes ouvir Milton Nascimento, a voz masculina preferida de minha mãe, de gostar também do que a cultura de massa apresentava, mas havia de tudo. Os artistas também foram se vendendo para não sair da telinha, da capa de revista, do sofá colorido do castelo. Milton não precisa. O que ele produz é tão sublime (transcende o belo), é tão divino.

Milton é mito e meu avô são deuses!

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Bansky perturbador

Às vésperas de voltar a Londres para encerramento do projeto Unlimited, junto à Candoco Dance Company, publico fotos de trabalhos do Bansky, artista inglês, grafiteiro, pintor, ativista político, diretor de cinema e perturbador. Poesia no concreto.







sábado, 11 de agosto de 2012

Olhe-me nos olhos... eu disse nos olhos


Publicidade belga gera polêmica com foto de modelo amputada. 


A modelo Tanja Kiewitz posou para a campanha de lingerie que tem o seguinte título: “olhe-me nos olhos… eu disse nos olhos”.

O título é maravilhoso, né?

terça-feira, 7 de agosto de 2012

6 anos da Lei Maria da Penha


A lei Maria da Penha completa hoje 6 anos que protege mulheres vítimas de violência doméstica. A lei número 11.340 decretada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo ex-presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva em 7 de agosto de 2006, cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do artigo 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação contra as mulheres, e da Convenção Interamericana para prevenir, punir e erradicar esse tipo de abuso.
Maria da Penha foi espancada de forma brutal e violenta diariamente pelo marido durante seis anos de casamento. Em 1983, por duas vezes, ele tentou assassiná-la, tamanho o ciúme doentio que ele sentia. Na primeira vez, com arma de fogo, deixando-a paraplégica, e na segunda, por eletrocussão e afogamento. Após essa tentativa de homicídio ela tomou coragem e o denunciou. O marido de Maria da Penha só foi punido depois de 19 anos de julgamento e ficou apenas dois anos em regime fechado, para revolta de Maria com o poder público.
Em razão desse fato, o Centro pela Justiça pelo Direito Internacional e o Comitê Latino-Americano de Defesa dos Direitos da Mulher (Cladem), juntamente com a vítima, formalizaram uma denúncia à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA, que é um órgão internacional responsável pelo arquivamento de comunicações decorrentes de violação desses acordos internacionais.
Essa lei foi criada com os objetivos de impedir que os homens assassinem ou batam nas suas esposas, e proteger os direitos da mulher. Segundo a relatora da lei Jandira Feghali “Lei é lei. Da mesma forma que decisão judicial não se discute e se cumpre, essa lei é para que a gente levante um estandarte dizendo: Cumpra-se! A Lei Maria da Penha é para ser cumprida. Ela não é uma lei que responde por crimes de menor potencial ofensivo. Não é uma lei que se restringe a uma agressão física. Ela é muito mais abrangente e por isso, hoje, vemos que vários tipos de violência são denunciados e as respostas da Justiça têm sido mais ágeis.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

A tal da dor de cotovelo

Tem sido difícil escrever aqui no blog. Não que não haja muita coisa que me perturba, que possa ser compartilhada aqui ou que tenha a ver com os assuntos que permeiam este espaço. Não tenho tido muito tempo para vasculhar possíveis abordagens, nem inspiração para transformar em texto o que tenho visto-vivenciado.

Farei um parêntese nesta altura do texto. (este horário me deixa inquieto, sentindo solidão, é uma luz que se vai se apagando aos poucos e nem escuridão é ainda. é uma tristeza misturada de ansiedade dos que partem do trabalho rumo à casa ou à happy hour com a turma. Não gosto, a menos que eu veja o sol se pondo, lindo, alaranjado... gosto da cor desta hora).

Bem, mas voltando ao que me trouxe aqui e não ao Monólogos na Madrugada - outro blog que me sinto mais livre para falar do que quiser - foi o atendimento que tive, hoje, na Clínica COT do Canela. Tenho sofrido há meses com uma epicondilite (dor de cotovelo) o que me forçou a fazer sessões de fisioterapia. Já havia tentado em outra clínica, mas quis optar pela COT por causa da tradição e também porque já havia sido tratado lá e me dei bem. Hoje fui ao quinto médico depois da lesão. Nenhuma novidade, embora a dor esteja mais intensa, fez a mesma coisa que os outros, apenas me ameaçou dizendo que seria impossível me curar se eu não parar de dançar, já que sou cadeirante e isso agrava a situação. Passou remédio, etc etc etc... Me dirigi à fisioterapia, 10ª sessão, o que me obriga a esperar a liberação do plano de saúde para outras 10. O que, normalmente, é um coisa rápida, as recepcionistas da clínica culpam a ASFEB, meu plano, pela demora. A recepcionista me disse ainda que eu não iria continuar o tratamento (que o médico pediu que eu não interrompesse nenhum dia), porque médico entende de saúde, mas não entende da parte administrativa. Ora, ela trabalha num ambiente que teoricamente é para cuidar e se preocupar com a saúde de quem paga, de quem utiliza seus serviços. Ou não? Estes trâmites administrativos podem estar demorados, mas o plano, com certeza, não irá impedir o tratamento, o que não impede que eu continue, podendo assinar posteriormente os dias que frenquetei. enfim... o que chateia é esta falta de senso humano, essa má vontade de atender aos outros, sei lá.... só sei sentir raiva!

O texto acaba por aqui mesmo, mas para quem deseja entender melhor o caso, ei-lo:

Nesta primeira etapa do tratamento (o planos libera de 10 em 10), levei uma semana para poder começar a fisioterapia porque a COT dizia que a ASFEB não havia autorizado ainda. Eu havia ido numa segunda-feira e fui orientado a ligar para a clínica no dia seguinte porque eles haviam acabado de enviar a solicitação e na terça, provavelmente, já estaria liberado. Não estava. liguei quarta, quinta e sexta e nada de liberação. Liguei para a ASFEB na segunda-feira e fui informado que já tinha sido autorizada a minha fisioterapia desde a quinta. Que a solicitação foi encaminhada na quarta (a COT me disse que enviou na segunda e depois na terça). Imprimi a autorização enviada pelo plano e na terça fui munido deste documento porque precisava mesmo começar o tratamento. A clínica então disse que não havia recebido o documento pelo sistema, como é padrão do atendimento e que o código enviado estava errado. Enfim... uma série de mentiras e confusões e incompetências de ambas as partes: ASFEB e COT.

Nem preciso explicar porque este texto está aqui, né?