quinta-feira, 30 de junho de 2011

Navegando Bonito - Mabel Veloso

Edu, penso que ser marinheiro de primeira viagem é uma delícia. Sai pelo azul do mar sem saber o que será depois da primeira onda, da primeira espuma, do primeiro porto. Sai...


Você está assim navegando bonito. Ouvi e vi Judite com você e agora li junto, e olhei longe e vi a sua viagem, a viagem de Judite a viagem de tanta gente, a viagem de todos nós.

Gostei da idéia do livro e espero conhecer em breve "o retrato" feito por Caio. Não encontrei nada a corrigir ou mudar no seu texto. Saiu pronto como saem as borboletas dos casulos.

Dinorah e Paloma são de muita sorte por você viver perto delas, com elas, nelas... O comigo-ninguém-pode aí é "Comvocês ninguém pode"!

De cá recebo a minha fatia de sorte por você lembrar de mim e falar das minhas viagens

com tanto carinho. Desejo boa sorte sempre. Sucesso!!! Um beijo
Mabel


quarta-feira, 29 de junho de 2011

A cagada de Myriam Rios

Seis dias sem entrar no blog e parece uma eternidade. Que vício, que necessidade é essa de escrever aqui, publicar pensamentos? Que loucura!

O mundo anda muito estranho e tudo acontece numa rapidez tamanha que se ficamos poucos dias sem comentar, já estamos ultrapassados, o tema agora já é outro. Não que sejamos obrigados a comentar nada, mas gosto de refletir sobre as coisas, sobre o mundo.

Esta semana foi sucesso na internet e nas rodinhas a "cagada" de Myriam Rios. A atriz, deputada estadual pelo Rio de Janeiro, católica, próxima a Deus, se achou no direito de falar as maiores atrocidades sobre os homessexuais. Insinuou que se contratasse uma babá e esta demonstrasse que ser lésbica, quem sabe poderia cometer o crime da pedofolia em suas filhas, isso porque queria dizer não à PEC 23/2007, que transformaria a homofobia como uma das formas de discriminação. Para a cristã, essa lei impediria que a tal "babá pedófila" fosse demitida caso agisse contra as meninas.

Eu vou e volto, será que eu sou o louco ou o que? Porque não é possível que uma pessoa que tenha as faculdades mentais em seus devidos lugares compreenda que uma lei dessa seja para defender pedófilo, ou mais ainda, alguém pare para pensar em pedofilia ao ler esta lei. Sinceramente! Já que se falou nisso, porque a própria missionária não vai à tribuna e exige que os padres, freis ou sei lá o que de sua própria igreja que cometem costumeiramente absurdos sexuais com crianças sejam punidos? E não são apenas os homossexuais como ela pensa, os depravados, existem os machos que estupram meninas, mulheres, agridem as fêmeas porque são eles que na hierarquia da natureza detém mais poderes. O que é isso gente? E contra ela nada? Enquanto isso centenas de gays são mortos pela intolência, ignorância de muitos, outros tantos são humilhados, espancados em casa e nas ruas por pessoas que se acham superiores aos outros simplesmente porque se incomodam com quem você dorme ou o jeito que você ama. Aliás, AMOR.... São tantas atrocidades em nome desse negócio, né? E pelo AMOR a um certo DEUS então.... Ele mesmo me livre e guarde.

É uma pena que seu nome tenha sido cogitado ou já está certo para encarnar Irmã Dulce no cinema. Coitada da freira/santa baiana! |Com um "cão" desse vestindo sua persona, vai ficar bastante contrariada aonde quer que esteja, pois manchar uma imagem assim, sem direito de defesa, de escolha... não há santo que aguente.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Leite de Onça e as ruas

São João passou por aqui?

Era uma pergunta frequente nas noites da véspera do festejo junino. Entrávamos de porta em porta comendo e bebendo nas casas da Rua C, na Nova Santo Amaro. Bairro pequeno onde construímos nossas maiores e mais antigas amizades. Bebíamos Leite de Onça, um licor feito da mistura de leite condensado e amendoim. Éramos muito novos para beber, mas não havia esse julgamento na época. As pessoas, enlouquecidas, serviam para nossa turma de 11 a 14 anos, em média, tudo que estava na mesa e dali seguíamos para a vizinha, até percorrer, praticamente todas as ruas que iam da letra A a K. Lógico que nossos pais não gostavam que bebêssemos nessa idade, nem apoiavam, mas a intenção não era a bebedeira, saíamos para curtir juntos o São João, como mandava o figurino. E era uma alegria só. No outro dia estávamos, criancinhas inocentes novamente sentados na porta da rua, soltando chuvinhas, vulcões, cobrinhas, comendo bolo e chupando laranja.

Este ano faremos a festa no dia mesmo do santo e por isso esqueci que a Rua C já deve estar em festa, toda enfeitada, cheirando a fumaça e as crianças de lá gritando atrás dos foguetinhos.

Aqui, em Sampa, alegria pipocando com encontro de amigos. Lua de mel na sexta edição. Sentindo cheiro de fogo, licor e as cores... tudo dentro e misturado, como o leite condensado e amendoim de antigamente.

E como será que o meu pequeno está se divertindo na Rua do Imperador?

Fico lembrando da turma da Rua C, na Nova Santo Amaro, todas as crianças brincando na fogueira, queimando chuvinhas, cobrinhas e vulcões no São João. Eu e minha irmã em conjunto de moletom de uma única co

terça-feira, 21 de junho de 2011

Sempre volto à criança e aos Caios

Sempre repito esta frase: Meu Peter Pan anda brigando com meu Menino Maluquinho.

O primeiro se recusa a crescer e o segundo, quando cresceu descobriu que foi uma criança feliz. Para mim foi difícil compreender o mundo adulto, Judite foi criança para me ajudar a diferir tudo isso. Em épocas onde o mundo grita coisas ruins ao meu ouvido, me recolho em Peter Pan e deixo a tempestade passar.

Ontem brincando com meu sobrinho de 3 anos, tive momentos de extrema felicidade, de lembranças das brincadeiras e de como meu olhar brilhava. Eu não via o brilho, mas sentia as faíscas saindo a cada descoberta e a cada besteirinha que se tornava grande, da maior importância. Sentado na porta de casa, com conjunto de moleton novo, soltava as cobrinhas e chuveirinhos de São João. O olho ardendo de fumaçava e o coração pulando de alegria.

Hoje ele me pediu para ler um livro para criança. procurei na minha estante e peguei, sem muito pensar, o livro "Caio" da Série Nomes, da Turma do Fala Menino, criada por Luis Augusto. Caio é o amiguinho que anda de cadeira de rodas e me ensina muita coisa toda vez que abro suas páginas. Meu sobrinho, sem saber, me tirou a tempestade que teimava cair nesse dia de sol.



"A vida é assim mesmo. Temos que aceitar as diferenças, nem toda cadeira nasce com rodinhas."
Caio

Mas quando a criança me falta, volto a Caio Fernando Abreu: “Sem pensar em mais nada, fecho os olhos para esquecer. Dorme, menina, repito no escuro, o sono também salva. Ou adia." Caio F.

domingo, 19 de junho de 2011

Minha transgressão, raiva e cansaço

Há uns dias assisti ao programa de entrevistas Provocações, apresentado por Antônio Abujamra. Ele perguntava auma entrevistada o que tinha feito de mais transgressor na vida. Esta pergunta me chamou logo atenção e não lembro da resposta da convidada porque fiquei refletindo sobre as minhas transgressões. Eu achava que tinha feito muitas, comecei a lembrar de coisas, aprontes, pensamentos, mas logo percebi que nada era tão transgressor assim que pudesse responder ao entrevistador. A não ser o fato de ter escolhido a vida. Então achei a resposta para a questão: VIVER é o meu ato mais transgressor. Afirmo isso com todas as letras porque vivo num mundo que me diz o contrário, me estimula à não-vida, ao não-mundo. Sem acessibilidade e sem acesso às coisas como viver? É como se dissessem: oh meu filho, agradeça porque você respira, se contente com isso, fique em casa tomando remédio, assistindo à sua tv e nos deixe em paz, quietos. Você aqui nos atrapalha. Digo o mundo porque em nenhum lugar que já visitei é possível eu exercer a liberdade de forma plena. Paris, Lisboa, Buenos Aires, São Paulo... em nenhuma cidade dessa (nem conta as pequenas) há uma consciência sobre acessibilidade.  Umas com mais outras com menos, mas nenhuma completamente acessível. Eu teimoso e sem querer pensar na possibilidade de me excluir, insisto em me colocar na vida de forma plena, como uma postura política, como uma postura de luta, de briga, como escolha de vida.

Todo mundo quando vai sair para encontrar amigos ou paqueras, assistir a um espetáculo, beber um pouco com a turma, fazer uma noitada, se preocupa com o que vai usar, quer se fazer bonito para se sentir bem. Eu, além da roupa, tenho que pensar no arsenal que levarei à rua porque é certeza ter que lutar, o mínimo que seja, para que a noite seja proveitosa, para curtir o que me é direito.

Ontem esqueci e sai desarmado. Fui à Mouraria com uma amiga querida, companheira de tantas coisas, de perrengues até em Paris. Sentamos numa mesa na rua e conversamos animadamente, torcemos pelo futebol, falamos besteiras e tomamos cerveja. Como é sabido, cerveja é uma bebida diurética, poucos copos depois veio a vontade de ir ao banheiro. Nenhum bar do lugar (que pertence a mesma dona) tinha banheiro adaptado, para mim nem precisava seguir as regras (exigências de lei), mas que tivesse uma porta larga que a cadeira de rodas pudesse entrar. Eu já não aguentava mais de vontade e me dirigi a uma árvora para poder fazer minha necessidade. O bar fica atrás do Quartel da Mouraria. Quando acabei o "serviço" um militar colocou o rosto na janela da guarita e me repreendeu, dizendo que eu não podia ter feito aquilo. Expliquei a ele que em tese eu não deveria fazer, que sei que existe uma lei que combate este ato, mas que também existe uma lei que exige que todos os estabelicimentos tenham acessibilidade para pessoas com deficiência. Diante disse o que ele me indicaria a fazer? Ele despreparado completamente, me disse que não sabia onde eu podria ir, mas que eu não iria repetir aquilo. Minha amiga chegou e questionou a ele, criticando sua atitude. Ele então, bastante agressivo nos gritou:

- Olhe DESGRAÇA, eu disse que ele não vai mais fazer isso!

Saimos rápido porque sabíamos que uma pessoa dessa não é capaz de dialogar ou entender as situações, saber que existem coisas onde as regras têm que ser maleáveis, repensadas. Voltamos ao bar indignados e aproveitando que havia uma turma de advogados numa mesa ao lado explicamos o ocorrido e perguntamos o que deveríamos fazer. Primeiro era chamar a pessoa responsável  do bar para que tomasse alguma providência, uma vez que o constragimento e a agressão sofrida foi decorrente de uma falta do estabelicimento e que portanto deveria zelar pelos clientes e, no mínimo, fazer um comunicado ao Quartel. Enquanto conversávamos com os advogados, o militar da guarita chama três colegas que ficam na esquina, algusn instantes, com arma em punho. Lembro bastante de uma figura feminina entre eles. Depois se afastaram.

Chamamos o garçon que chamou a dona do bar. Esta teceu uma série de comentários desastrosos e preconceituosos, incluive perguntando porque voltei ao seu estabelicmento se eu já sabia que não tinha banheiro acessível. Ela já tinha colocado uma rampa na entrada do bar, que eu entrasse no banheiro feminino (que não dá passagem para a cadeira), que ela não poderia ser punida porque não foi ela quem me agrediu, que se eu queria processar porque acho que tenho direitos por ser deficiente, que... que.. que...

O advogado que estava conversando conosco se aproximou para explicá-la sobre a sua responsabilidade, tentando ver uma maneira de apaziguar a situação, mas ela demonstrava total ignorância e não reconhecia o problema provocado por ela, disse que vai abrir um banheiro e que esta era a única coisa que poderia fazer. que não entraria em contato com  o Quartel......

Enfim.... a noite acabou voltando para casa com a auto-estima destruida, com minha amiga arrasada, com todas as questões de desamparo, desalento, medo, ameaça, violência em nossos corpos, nossos peitos. O pior que não há um orgão que nos defenda. Porque lembro do problema que tive com o PROCOM e procurei o Ministério Público que me disse não entrar em briga com o Governo. Não tive um advogado que entrasse comigo na causa... e assim se repete todos os dias, todas as vezes. A Associação Baiana de Deficientes não tem uma assessoria jurídica que compre essas brigas. Então ficamos a mercê de uma briga isolada, individual e passando por chato, brigão, intolerante. O errado sou eu que decido sair e me defrontar com esse mundo perfeito, feliz e generoso.

Para completar, hoje precisei pegar um táxi, liguei para uma empresa e depois de muitos minutos me ligaram dizendo que não havia carro para pegar cadeira de rodas. Lembro que minha cadeira cabe até num fusca, porque desarma toda, tira roda, rodinha, pés.... Ou seja, assim como a dona do bar, uma empresa que deveria zelar pelos clientes, é conivente com os péssimos profissionais que se recusam a prestar o serviço a que se destinam. Um serviço, incluive, que são isentos de determinadas taxas, portanto menos impostos para nós, e prestam deserviço total. Não é a primeira vez que acontece isso e nem é a primeira ou única empresa que faz isso. Já dei queixa na Gtáxi umas três vezes e quando retorno a ligação, eles nem sabem do que estou falando, nem protocolam a queixa. Ficamos sem os direitos garantidos mais uma vez.

E eu tenho taxistas que me pegam, profissioanais ótimos que naquele momento estavam ocupados. Também não acho que eu tenha obrigação de ter uma lista telefônica de serviço particular porque as Elites Chame Ligue Táxi da vida, têm OBRIGAÇÂO de nos atender também.

Cansei.....

Milágrimas

(Itamar Assumpção - Alice Ruiz)

Em caso de dor, ponha gelo
Mude o corte do cabelo
Mude como modelo
Vá ao cinema, dê um sorriso
Ainda que amarelo
Esqueça seu cotovelo
Se amargo for já ter sido
Troque já este vestido
Troque o padrão do tecido
Saia do sério, deixe os critérios
Siga todos os sentidos
Faça fazer sentido
A cada milágrimas sai um milagre
Em caso de tristeza vire a mesa
Coma só a sobremesa
Coma somente a cereja
Jogue para cima, faça cena
Cante as rimas de um poema
Sofra apenas, viva apenas
Sendo só fissura, ou loucura
Quem sabe casando cura
Ninguém sabe o que procura
Faça uma novena, reze um terço
Caia fora do contexto, invente seu endereço
A cada milágrimas sai um milagre
Mas se apesar de banal
Chorar for inevitável
Sinta o gosto do sal
Sinta o gosto do sal
Gota a gota, uma a uma
Duas, três, dez, cem mil lágrimas, sinta o milagre
A cada milágrimas sai um milagre



Porque São Paulo me dá presente quando menos espero. Porque hoje estava precisando desse presente. Porque é amor tudo isso.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Ah, se eu fose Marilyn!

Sou um travesti caquético. Caco de dente na frente. Pêlos na cara. Nenhum amor. Fiz a vida que me coube fazer. Sobrou-me a peruca da Marrilyn. Puta gostosa que partiu com um coreano montado no aqué.
Meu corpo não deu muito pro gasto. Meu pau demorou a subir. Todos sabem que ocó gosta mesmo é de receber na bunda. Fica todo molinho pruma mulher comer seu cu. Eu que só queria dar, me estrepei. Travesti burra morre que nem eu.

Esse corpo de homem peludo: cara, braços, bunda, barriga, pernas... Pernas de cambito que ninguém aguenta ver. Fui ficando torta de vergonha de mim. Agora só me restou a peruca da Marrilyn. Hoje acordei como ontem. Sei que será mais um dia feliz. E que venha doce.
by Hebert Valois