terça-feira, 9 de abril de 2019

Mais um dia divino!

"O sol ensolará a estrada dela..."


foto Marconi Araújo

Depois de 15 anos, retorno à Alemanha. Para mim, é muito significativo voltar apresentando a performance "Ah, se eu fosse Marilyn!"** que trata, exatamente, sobre a temporalidade das experiências, dos desejos, dos sonhos...

Interessante observar aquela pessoa com os olhos de agora, olhando para o que é o futuro daquele tempo. Em alguma medida, eu sabia que "daria certo", seja lá o que isso queira dizer. Mas, eu intuía que minha trajetória corresponderia aos meus desejos e, por isso, fiz tanto para que chegasse aqui.

Em Marilyn, busco refletir sobre "esse aqui", sobre o que nos tornamos, sobre as marés que nos trazem a esse instante que nos afoga de lembranças e anseios para o futuro que nunca saberemos como será.

Retomar este trabalho que comemora 10 anos, embora nunca o tenha abandonado, refletindo nesse corpo-pessoa que me tornei, mais envelhecido, pelos brancos, olhar entristecido e boca desejaste.

A boca que maquia, lambe, mastiga, engole. A boca que é um dos lados da ampulheta, assim como os que veem, piscam, cegam, adormecem, lacrimejam o mar. O mar que não é possível transportar, mas transbordamos de tanto mergulhar.

Não imaginava que o primeiro mergulho de Marilyn, em Itacaré, deixaria rastros tão fortes, como os vincos das rugas que envelhecem meu rosto quando eu sorrio e canto.

Mais um dia divino!***

*verso da música Dura na queda, de Chico Buarque, cantada por Elza Soares
**Performance apresentada no Tanz Begegnungen, em Karlshure/Alemanha
*** frase da peça Dias Felizes, de Samuel Backet



foto Álvaro Dantas

segunda-feira, 11 de março de 2019

Bipedia Compulsória

O projeto "O Bicho, O Amigo e O Santo: olhares sobre corpos destoantes”, aprovado no Edital PIBIARTES 2018/2019 - PROEXT/UFBA, relaciona-se com minha pesquisa de doutorado, iniciada neste ano de 2019, no Programa de Difusão do Conhecimento, intitulada - provisoriamente -

"ATRAÇÃO POR UM CORPO PERTURBADOR: BIPEDIA COMPULSÓRIA E SEUS MECANISMOS DE PODER, DESEJO E REPULSA PELA DEFICIÊNCIA, NA DANÇA". 


Com esta pesquisa busco compreender as relações de poder que se estabelecem sobre as pessoas com deficiência, a partir do que pretendo desenvolver um campo conceitual que venho chamando de “BIPEDIA COMPULSÓRIA”. 

Bipedia não pelo fato de se andar com as duas pernas, mas a organização de mundo que só entende a existência a partir de um pensamento hegemônico de corpo que anula qualquer outra experiência corporal e provoca segregações, exclusões e violências.


Foto Christiana Lima

Venho articulando essa pesquisa com minhas atividades docentes e de extensão, como ocorreu no dia 22 de fevereiro, com a Oficina Dança de Rainhas: Dança Afro e Deficiência. Nessa foto, estou dançando em minha cadeira de rodas, ao lado de uma estudante em pé e professora Marilza Oliveira ajoelhada, onde pesquisávamos - cada um à sua maneira - movimentos da Dança Afro que é uma dança criada e pensada para o corpo bípede e a verticalidade é predominante.

Em breve, eu e Marilza publicaremos um artigo onde refletimos sobre essa experiência e compartilharei, aqui, com vocês.

Percebo que esse termo "BIPEDIA COMPULSÓRIA", sobretudo "BIPEDIA" tem contribuído, nos espaços de reflexão, para o entendimento sobre as questões da deficiência e, sobretudo, sobre as questões das exclusões vividas por nós provocadas pela corporalidade bípede.

Como costumo brincar, falando sério, "vocês, bípedes, me cansam"!

sábado, 16 de fevereiro de 2019

É lindão Muzenza




No último dia 13 de fevereiro, a dançarina e empresária Josy Brasil foi coroada a Muzembela 2019 - Rainha do bloco afro Muzenza.

Essa coroação tem um significado muito importante porque traz reflexões acerca das questões ligadas não apenas às pessoas com deficiência, mas também do movimento negro e do próprio carnaval.

Reconhecer uma mulher cadeirante na exuberância de sua realeza, é afirmar seu poder, sua beleza, sua potência. Mobiliza os alicerces da exclusão tão presente no dia a dia das pessoas com deficiência, trazendo ao baile um olhar positivo sobre a deficiência. Sim! Porque nós também curtimos carnaval, dançamos, nos divertimos, bebemos, gozamos, trabalhamos... Embora desconsiderem nossa complexidade, como de qualquer pessoa, e nos reduzam a um olhar da doença, dos "coitadinhos", superação, como se tudo que fizermos está para além das nossas capacidades ou possibilidades, então se fugimos a esse script, nos tornamos em extraordinários.

Na verdade, o que torna extraordinária a coroação de Josy, não é a sua deficiência, mas um bloco nunca antes ter tido uma Rainha com deficiência. 

O bloco Muzenza, um dos mais tradicionais de Salvador, sai à frente dos demais e leva para a Avenida mais do que uma Rainha, leva em seu desfile uma verdadeira mudança de paradigmas.

Brilhe muito, Rainha Josy!! 

Representatividade importa!




fotos capturadas do facebook de Josy Brasil

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Dança de Rainhas: Dança Afro e Deficiência



No dia 22 de fevereiro, das 13h às 16:30, a Escola de Dança da UFBA e a ACSS “Acessibilidade em Trânsito Poético”, dos professores Cecília Accioly, Edu O. (Escola de Dança) e Maria Beatriz (Bacharelado Interdisciplinar em Saúde - IHAC), promovem a oficina "Dança de Rainhas: Dança Afro e Deficiência", ministrada pelas coreógrafas e dançarinas Josy Brasil e Graziela Santos, trazendo uma abordagem teórico-prática voltada para experimentações da corporalidade da pessoa com deficiência, que ressignifica códigos e padrões de movimento da Dança Afro.
Josy Brasil é primeira candidata cadeirante a tentar vaga na final do concurso da Deusa do Ébano (Rainha do Ilê) e junto com a professora de Dança e terapeuta corporal Graziela Santos, participa dessa atividade da Semana Inaugural da Escola de Dança da UFBA que conta também com a presença da professora Marilza Oliveira na mediação de um bate-papo com as artistas e intérprete de LIBRAS, além do percussionista Gilberto Santiago e do cantor Vinicius Lima.
A oficina "Dança de Rainhas: Dança Afro e Deficiência", aberta a todos os estudantes da UFBA e comunidade externa, é a primeira de uma série de ações que a ACCS Acessibilidade em Trânsito Poético pretende realizar ao longo do semestre, com o objetivo de provocar reflexões que contribuam para mudança de paradigmas excludentes, em relação às pessoas com deficiência.
Oficina Dança de Rainhas: Dança Afro e Deficiência
Onde: Teatro do Movimento da Escola de Dança da UFBA
Quando: 22 de fevereiro de 2019, das 13h às 16:30
Entrada Gratuita
Mais Informações:
accs.danca@gmail.com
#PraCegoVer Card da ACCS Acessibilidade em Trânsito Poético realiza Oficina "Dança de Rainhas". Dança Afro e Deficiência. Josy Brasil e Graziela Santos (fotos e nomes). Mediação de bate-papo em Libras Marilza Oliveira. Cantor Vinícius Percussão Gilberto Santiago. Teatro do Movimento. 22/02/2019.Gratuita. 13h às 16h30. Logomarcas Escola de Dança, IHAC , UFBA e PROEXT.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

Cá estamos

Em Setembro de 2018, anunciamos o início do projeto "O Bicho, O Amigo e O Santo: olhares sobre corpos destoantesaprovado pelo edital PIBIARTES 2018/2019, da UFBA, tendo a participação de Natalia Rocha e William Gomes, artistas-pesquisadores-monitores.

De lá para cá, não compartilhamos mais nada sobre o projeto, embora suas pesquisas tenham continuado e algumas ações realizadas. Acreditamos na importância da visibilidade de projetos que possam contribuir com as discussões e mudança de paradigmas em relação à deficiência, mas não demos conta de atualizar o blog e por isso, nos desculpamos.

Enfim... Cá estamos!

O ano de 2018 foi muito profícuo para as reflexões que pretendemos levantar com essa proposta. Cada integrante trazendo um olhar para nossas questões e desenvolvendo proposições artísticas que se conectavam, visando uma montagem para início do segundo semestre de 2019.

foto Andrea Magnoni

Iniciamos, como exposto anteriormente, com a participação de Edu O. em eventos em Salvador (Ministério Público), Belo Horizonte (UFMG), Festival de Dança de Araraquara, Belém (UFPA)  apresentando a performance Striptease-Bicho e Porto Alegre (Cenas Diversas), fazendo palestras e oficinas, observando em sua trajetória artística os mecanismos de poder identificados na Dança, nos espaços educacionais, culturais, políticos e religiosos. Esses momentos foram muito importantes para a troca junto ao público de diferentes realidades.

William Gomes teve o projeto Audionudescrição aprovado no Edital PIBEXA/PROEXT UFBA, com tutoria de Edu O., trazendo a questão:

Quais relações são possíveis entre nudez e deficiências? Trazendo a relação entre deficientes visuais/auditivos/físicos e a nudez, sob o viés da arte enquanto possibilidade de friccionar hegemonias epistêmicas e dogmas sociais relacionando com práticas de acessibilidade e seus limites.

foto William Gomes

Essa proposta, torinou-se um duo entre William e Edu, e em articulação com os objetivos e propostas do que entendemos como "projeto guarda-chuva" O Bicho, O Amigo e O Santo... guiou todas as ações do semestre, com ensaios, apresentação no Congresso UFBA, oficina no evento Cenas Diversas, em Porto Alegre e no Papo Perturbador, realizado em Dezembro, como previsto no nosso cronograma e parte de uma residência artística entre Edu O., Moira Braga, Natalia Rocha, Lilih Curi e Johsi Varjão (falaremos sobre isso em um post específico).

foto Erve Miozzo


Natalia Rocha desenvolveu o trabalho Corpo Erótico,  em parceria com a artista italiana Laura Dellalonga, investigando o desejo além do corpo com deficiência, sobre o corpo feminino e as relações implicadas nessa articulação.

Logo, logo, vamos falando detalhadamente cobre cada ação desenvolvida.

terça-feira, 18 de setembro de 2018

Manifesto Anti-Inclusão

Manifesto Anti-Inclusão parte_1
escrito por Estela Lapponi:

A Inclusão propõe hierarquia de capacidades.
A Inclusão é incapaz de ver e enxergar.
A Inclusão é incapaz de ouvir e escutar.
A Inclusão é simplesmente incapaz.
A Inclusão pressupõe passividade.
A Inclusão não interage.
A inclusão causa pena
A inclusão é unilateral 
A inclusão exclui
A inclusão isola

Manifesto Anti-Inclusão parte_2
colaboração de Lenira Rengel

Arte é conhecimento
Arte é habilidade
Arte é construção
Arte é diálogo
Arte é investigação
Arte é Ação
Arte é troca
Arte é liberdade
Arte é criação
Arte é expressão
Arte tem de toda pessoa
A inclusão quer te normatizar
A inclusão quer te excepcionalizar
A inclusão quer te paralizar
A inclusão quer te desconsiderar
A inclusão quer te desincorporar
A inclusão quer te ignorar
A inclusão quer te especificar
A inclusão quer te deixar só!

Arte e Inclusão estão na contra mão!
O significado das palavras vão além de sua semântica
Trazem em seu traçado gráfico e sonoro pesos e levezas históricas e arraigadas às mais diversas sociopoliticoculturas
O que quero propor aqui é que R-E-P-E-N-S-E-M-O-S

Sobre o significado e a significância que carregam as palavras Arte e Inclusão ou Arte Inclusiva

Nós perdemos

por Edu O.

NÓS PERDEMOS. Algo não deu certo, não foi bem calculado, não encontramos estratégias que mudassem ou, pelo menos, balançassem as estruturas do status quo”, da normalidade, do pensamento hegemônico. É com imensa tristeza que eu anuncio que NÓS PERDEMOS.

Perdemos porque ainda hoje precisamos discutir sobre inclusão na arte, precisamos brigar para termos algum espaço, para sairmos da invisibilidade que nos impõem nos espaços de saber, nos espaços midiáticos, nos espaços culturais que nos restringem a uma única história.

E a única história, já nos falou Chimamanda Adichie:

"A única história cria estereótipos. E o problema com estereótipos, não é que eles sejam mentira, mas que eles sejam incompletos. Eles fazem uma história tornar-se uma única história". 

NÓS PERDEMOS, amigos! Porque não conseguimos ser vistos para além da deficiência. Não interessa se estudamos, não interessa ser professor na Escola de Dança da UFBA, não interessam as inúmeras experiências que vivemos, as viagens que fizemos, nossa compreensão de mundo, nossos posicionamentos, nada, nada… 

Importa apenas a vaga de empacotador, de telemarketing, de flanelinha na esquina… oportunidade que a “generosidade” bípede nos oferece, sem possibilidade de crescimento profissional. Sem escuta atenta porque "a lei exige que tenha o balcão rebaixado, mas não exige que as máquinas estejam nele”, como disse o gerente de um banco ao ser questionado pelo funcionamento do atendimento acessível que não acontecia de fato porque a máquina para eu digitar a minha senha ficava no balcão mais alto. Importa a arrogância da ignorância dos gestores de espaços culturais que negligenciam a acessibilidade para artistas com deficiência no palco, nos camarins, na reserva de espaços para melhor visibilidade do público. Não importa se aquilo nos constrange, nos humilha, nos violenta.

Não importa quando no meu local de trabalho, por mais solicitação para manterem a entrada acessível em todos os eventos que acontecerem lá, fecham o portão da rampa por questão de segurança e ainda você tem que ter “calmaaaaaa! esses dias a Escola está com problemas”. Para mim "esses dias", são 20 anos que frequento aquele lugar.

Há 20 anos eu me deparei, pela primeira vez com essa noção de Inclusão e foi aí que eu soube que era excluído. Porque em Sto Amaro, cidade pequena do interior da BAhia, sem esse discurso e com todos os problemas de acessibilidade, eu transitava em todos os lugares, mas quando fui para Salvador, com 18 anos e quando eu comecei a Dançar, em 1998, eu ouvi algo como “Dança inclusiva”. Eu pensei, “perai, mas quando eu pinto um quadro, faço uma escultura ou um desenho - eu estudava na Escola de Belas Artes, nessa época - meu trabalho não tem esse complemento de inclusivo. Por que a Dança precisa ter? Precisa destacar uma diferença, sendo que a diferença é o que nos aproxima. Quem aqui é igual a quem? Por que a minha Dança é inclusiva apenas por eu ter uma deficiência? Mas meu corpo possibilita fazer e criar coisas que nenhum outro pode ou consegue, assim como eu não consigo fazer ou criar coisas que outra pessoa consegue. E isso não me torna pior, nem melhor do que ninguém. 

Esse pensamento de INCLUSIVO ou INCLUSÃO, na arte, nos fez perder. Nos isolou.

Por isso que eu repito: NÓS PERDEMOS!

Perdemos quando Estela Laponni lança um filme que traz uma abordagem completamente decolonial do corpo com deficiência, do próprio cinema, introduz a tecnologia assistiva como linguagem no filme e não como acessório e seu filme, como os demais que tratavam no tema da deficiência, é colocado numa mostra “café com leite”no Festival de Curtas de SP, que aconteceu recentemente. Nem a oportunidade de ganhar prêmio essa parte do Festival possibilitava. Por que? Por que nos colocar no “cercadinho da deficiência”? Na “cadeira da reflexão da INCLUSÃO”? Alguém em sã consciência e gozando de plena lucidez, considera isso Inclusão?

Quantas vezes algum artista com deficiência é convidado para Festivais, Congressos, Mesas ou  Eventos que não seja para falar sobre a deficiência? Isso é INCLUSÃO?

Quantas vezes nós já ouvimos: você nem parece deficiente! Ahh, eu olho para você e não vejo a deficiência! como se isso fosse um elogio, como se isso nos agradasse.

Ai, amigos, NÓS PERDEMOS!

Perdemos porque servimos para publicidade de governo se aproveitar da nossa imagem, mas quando acionamos a Justiça para nos defender de abusos e violências, os juízes minimizam nossos problemas que, na maioria das vezes vem de ordem das barreiras atitudinais, e não pune o banco, a delicatessen que não tem acessibilidade e quase permite eu ser atropelado no seu estacionamento, o Ministério Público dizer que não vale a pena brigar com o Estado porque era causa perdida quando se PROCON se recusou a me atender, a justiça diminuir a indenização da TAP por ter quebrado minha cadeira. Perdemos quando preciso implorar para algum Uber ou taxista ou motorista de ônibus parar e levar a cadeira. Mas não interessa se somos nós que ficamos no meio da rua chorando, se perdemos o sono, se adoecemos a cada saída com medo da violência.

No entanto aceitamos todas as migalhas que a INCLUSÃO nos oferece, na esperança ou tentativa de sermos ouvidos, mas sempre ficamos como o pinguim gritando por socorro no aquário, sem ser entendido pela plateia que pensa estar assistindo a um show de fofura do bicho que quer dançar, contrariando as expectativas de sua família - no filme Happy Feet.

A INCLUSÃO comove. A INCLUSÃO é uma fatia de mercado que beneficia todo mundo, menos a pessoa com deficiência. O discurso inclusivo é tão perverso quanto mentiroso. Participar de eventos específicos que normalmente não pagam cachê, não tem estrutura técnica adequada, mas “será bom para divulgar seu trabalho!”. Divulgar a quem? Se nós falamos para nós mesmos? Se quando subimos ao palco, só tem na plateia nossa família chorando porque de alguma forma nós representamos o esforço descomunal que ela faz para sobrevivermos, tem a fisioterapeuta, a diretora da instituição, os funcionários e a professora de Dança que provavelmente não tem formação em Dança e os colegas que aplaudem eufóricos aquela apresentação com música melosa ou religiosa, induzindo à comoção e à visão de superação que o discurso da INCLUSÃO insiste em manter, um figurino mal pensado, de lycra ou malha, maquiagens fortes e movimentos que buscam aproximações com o corpo sem deficiência, o corpo pensado hegemonicamente para a Dança, como se devêssemos provar que conseguimos fazer aquilo.


E eu falo da Dança porque é minha área de atuação, mas é o mesmo para todas as outras áreas. É o mesmo para a vida!

Leo Castilho e Oscar Capucho na performance O Bicho, o Amigo e o Santo
I Encontro Corpos Mistos- II Congresso "Autismo, dança e educação" - UFMG
foto Maria Paula Carvalho