terça-feira, 23 de novembro de 2010

Ready Made

Tenho pensado muito na presença dos corpos dentro da proposta d'O Corpo Perturbador. Pensado sobretudo no movimento desses corpos(o meu e de Meia Lua). Na defesa de tese de Carolina Teixeira, não sei porque, me veio a idéia de "Ready Made" criado por Duchamp.


O corpo como um Ready Made, o movimento que o corpo vem fazendo ao longo do tempo. As curvas. Pretendendo uma observação desse corpo sem floreios, arranjos, enbelezamentos vindos dos movimentos dançantes.


Trazer a cena o que já existe cotidianamente, diariamente, voyerismo ao corpo def.


Brincar com os corpos da Dança Contemporânea que parecem buscar o "aleijo". O discurso contemporâneo, subjetivo, a obra pelo discurso.


Estou escrevendo a bula do trabalho, ne?




A Fonte


Marcel Duchamp foi o responsável pelo conceito de ready made, que é o transporte de um elemento da vida cotidiana, a priori não reconhecido como artístico, para o campo das artes. A princípio como uma brincadeira entre seus amigos, entre os quais Francis Picabia e Henri-Pierre Roché, Duchamp passou a incorporar material de uso comum nas suas esculturas. Em vez de trabalhá-los artisticamente, ele simplesmente os considerava prontos e os exibia como obras de arte.
A Fonte, obra que fez repercutir o nome de Duchamp ao redor do mundo - especialmente depois de sua morte -, está baseada nesse conceito de ready made: pensada inicialmente por Duchamp (que, para esconder o seu nome, enviou-a com a assinatura "R. Mutt", que se lê ao lado da peça) para figurar entre as obras a serem julgadas para um concurso de arte promovido nos EUA, a escultura foi rejeitada pelo júri, uma vez que, na avaliação deste, não havia nela nenhum sinal de labor artístico. Com efeito, trata-se de um urinol comum, branco e esmaltado, comprado numa loja de construção e assim mesmo enviado ao júri.


Acho que os Ready Mades tem um pouco a ver com os corpos defs em cena, principalmente pelo olhar sobre eles. Quem discorda?

Um comentário:

  1. Ready mades podem caber no trabalho, mas eles são amplos. Um que tenho a idéia [e até tenho o material] é um extintor de carro virado ao contrário com o título "Use apenas em caso de fogo no rabo"

    Acho que pensar em objetos particulares do cotidiano dos artistas enquanto ready mades uma boa. Uma idéia são os saquinhos de xixi. Você pode pegá-los, congelá-los e terá sua obra pronta, o SACOlé, hehe

    Outra que cabe ao universo do meia lua são um par de chinelos com título de "A Luva"

    Quanto a eles terem um pouco a ver com os corpos com deficiência... acho que a fonte tem por conta do contexto dela, pois no período a cerâmica industrial era de qualidade muito superior a dos escultores, nesse sentido, dá pra fazer uma analogia a ideia de (d)eficiência [esqueci o nome da menina que fez o mestrado encima disso] que pra mim lembra "portadores de outras eficiências"

    A fonte do Duchamp brinca com esse universo. Tecnicamente ela é superior a toda a cerâmica produzida por artistas, mas artisticamente [do ponto de vista de quem fez ela, e não do Duchamp que a transformou em ready made] ela é falha pois foge da idéia de uma obra de arte única

    É isso =]

    bjs

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