Aquele corpo pequeno, pernas finas, coluna torta, se arrastando pelo meio da casa dava medo na empregada que pediu demissão no dia seguinte ao primeiro de serviço. Era estranho sair da cozinha e ver um pezinho no chão entrar no quarto ou então ao bater na porta da rua não ver quem abriu a porta na minha frente, só depois me dar conta que a pessoa estava embaixo, dizia ela.
Aquele corpo dava medo porque aquela mulher não o conhecia, não tinha hábito de vê-lo desfilar agilidade diária, sorriso, beleza (?). A sua beleza. O medo vem da ignorância, do desconhecimento. De certa forma a mulher deu um poder àquele corpo que ele, no fundo, não tinha. Medo acaba quando o enfrentamos. É difícil enfrentá-lo, alguns nunca conseguem e perdem empregos, perdem tempo, perdem a própria vida.
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