sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Quando perturbações se movem...

Um olhar entre as curvas tortas de corpos que descobrem outros caminhos e vontades, desejos de experimentar-se e se deliciar com a criação. Vértebras que se movem para fundir suas próprias vivências delineiam um esqueleto de caminhos tortuosos, emaranhados entre doces promessas de tranqüilidade e poesia.

Perturbar, incomodar, remexer, dilacerar os julgamentos, os silêncios, os espaços que se mostram cada vez mais impermanentes e escorregadios.

A experiência do corpo perturbador é um fractal de lugares, paixões, dores, alegrias que escoam sensibilidade em cada gota conquistada, bebida e saboreada por Edu O. e Meia Lua.

O esforço que parte dos corpos se dilui na grandiosidade da criação que não busca o lugar-comum da representação e se apresenta nua, exposta em sua inteireza a brincar e a percorrer possibilidades. O Corpo Perturbador dança os espaços de um infinito mágico onde o encantamento habita o instante revelado, a sutileza oferecida, a visceralidade de dois homens, artistas que movem um tempo desconhecido. Perturb(a)ções e reações, que deslocam o lugar passível do conforto e transforma o caos em morada. Apropriar-se da linha tênue entre o risco e a exaustão e brincar, brincar pertubadoramente nesse parque emaranhado de obstáculos.

Corpo, móvel do animal que deseja, confronta territórios e busca o incansável, corpo que desafia as certezas e carrega o peso leve de sustentar-se em sua sensibilidade, corpo que se esvai, sem esvaziar-se, fluido, líquido como a força da correnteza que enfrenta a segurança das pedras. Corpo que retorna ao mundo interior, ao conflito de ser o que se é, desejando ser o outro, corpo que partilha da dúvida e aprende a dividir as escolhas, corpo que não decide pelo óbvio e insiste em desvendar o improvável.

Perturbar é existir...

Meu muito obrigada a Edu O. e a Meia Lua, por compartilharem comigo essa maravilhosa jornada.

Carolina Teixeira
06 de dezembro de 2010.

Foto de Diane Portella

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