sexta-feira, 8 de julho de 2011

O diacho do ponto

Estou louco para Fafá chegar logo. Ganhar horas falando, reclamando e rindo. Conversar por email é uma bosta, porque sempre há o ponto final. O diacho do ponto que interrompe o pensamento, o fluxo. Nossos pensamentos não se esgotam no ponto e há ainda o complemento do pensamento da outra pessoa. Conversa escrita é difícil porque não dá para completar/complementar/interferir no pensamento do outro e to precisando tanto de interferências. Ontem precisei muito dos pensamentos dela, mas só nos encontramos em emails desencontrados em hora, em fuso horário confundindo tudo e atrasando conclusões.

Estou louco para minha mãe voltar de viagem. Ontem nos falamos por telefone, mas sempre a despedida, o toque de ocupado no final da ligação é como ponto final no email. Corta o fluxo, a emoção. A vontade de dizer tanta coisa, inclusive "fique mais porque estou vendo que você está feliz", escondendo o "volte logo porque você faz muita falta aqui em casa, aqui em minha vida".

Estou louco para ele voltar logo do trabalho. O beijo de bom dia é o ponto final da noite mal dormida em lençóis desarrumados. Queria prendê-lo no quarto, viver em reticências, mas os projetos e estudos também são pontos atrapalhando o beijo, o sexo. O cansaço é outro ponto.

Estou louco para terminar de escrever tantos projetos e dar um ponto final nesses dias para recomeçar novos parágrafos.

O ponto só é bom porque sabemos dos próximos parágrafos que teremos que escrever. Acabando um para deixar chegar o novo.

Mandala Alvorada - obra de Simone Bichara

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